“Você está usando shorts de basquete?!?!?” Eu perguntei em choque horrorizada, virando minha cabeça bruscamente para dar uma olhada melhor no meu filho de dez anos no banco de trás.
Estávamos indo a um bom restaurante para uma festa de aniversário e eu havia definido claramente as opções de roupas. Todo mundo sabia que shorts de basquete estavam completamente fora das regras de vestimenta.
“Ele vai ficar bem,” disse o meu marido.
“Não, não vai!” Eu disse. “Vire o carro!”
Meu marido continuou dirigindo e calmamente me lembrou de que já estávamos atrasados. Mas, sem muita calma, lembrei a ele que nosso filho no banco de trás havia me desafiado abertamente.
“Shannon,” meu marido gentilmente convenceu-me, “Acalme-se. Ninguém morreu. Vai ficar tudo bem. . . . ”
A Lógica do Controle
Há um certo caminho profundamente marcado em meu coração. Eu pisei nesse caminho muitas vezes, tão convencida de que era o caminho certo a seguir — apenas para me arrepender com remorso mais tarde. Mas naquele momento isso me chamou novamente com a mais clara das lógicas:
Seus filhos não a ouvem! Eles não obedecem. E seu marido apenas dá de ombros! O que vai acontecer se você não fizer nada? Seus filhos vão se autodestruir e seu marido vai viver para se arrepender disso! Você é quem tem que fazer alguma coisa! Você tem que fazer alguma coisa agora!
Cheia da lógica do controle, anunciei: “Estou saindo!”
“Aqui?”, meu marido perguntou surpreso. “Sim, bem aqui,” eu disse com um pouco de rispidez. “Não vou entrar naquele restaurante fingindo que não há nada de errado. Não vou fazer isso!” Meu marido parou no acostamento e eu saltei, bati a porta e parti para casa com a cabeça erguida, descartando a sensação passageira de que me arrependeria disso mais tarde.
Tive uma sensação extremamente prazerosa ao assumir o controle. Meus filhos precisavam saber que, quando estabeleço limites, esses precisam ser seguidos. Primeiro foram os shorts de basquete; em seguida, seriam drogas, sair às escondidas ou pornografia! E o que meus filhos se tornariam se ambos os pais escolhessem dar de ombros ao serem desafiados?
A sensação de poder surgiu em minhas veias enquanto eu levantava meus braços em indignação cheia de justiça própria. Eu estava corrigindo as coisas. Sim, eu estava assumindo o controle e estava certa em fazê-lo. Tudo estava se encaixando. Eu governaria as escolhas de roupas dos meus filhos e tudo seria bom, correto e pacífico.
Mas vinte minutos depois, quando cheguei à nossa entrada da garagem, nada parecia bom ou certo. Nada parecia pacífico. Meu coração me enganou mais uma vez com ideias erradas sobre controle.
Os Frutos Amargos do Controle
Você já foi dominada pela lógica do controle? Você já foi consumida pela ideia de que precisa fazer alguma coisa? Que só depende de você fazer tudo dar certo?
Você pode não ser do tipo que sai com raiva de um veículo na beira da estrada por causa do que o passageiro do banco traseiro está vestindo. (É meio embaraçoso admitir que às vezes sou desse tipo.) Talvez seu desejo de controle irrompa, não em explosões de raiva, mas em um ritmo ansioso, no medo tomado de pânico, no perfeccionismo incessante ou na manipulação fervilhando. Só para constar, o controle surgiu de todas essas maneiras em mim.
Nosso desejo de controle profundamente enraizado pode produzir todos os tipos de frutos azedos e espinhosos. Mas livrar-se dos frutos amargos do controle envolverá arrancar algumas das raízes mais profundas do pecado — que foram plantadas pela primeira vez no Jardim do Éden.
As Primeiras Sementes do Controle
No Éden, Deus declarou que uma árvore estava fora dos limites. E ao fazer isso, Ele fez a pergunta, “Você entregará o controle a Mim?” O design original de Deus, mesmo antes da maldição, era que Eva (e Adão) vivesse em rendição a Ele — reconhecendo que Ele era Deus e ela não:
Deus
Eva
A serpente, porém, seduziu Eva a imaginar como esse fruto a tornaria semelhante a Deus, decidindo por si mesma o que era bom e mau. Ela não precisaria se submeter a Deus; ela poderia ser como ele — estendendo a sua mão para pegar o que quer que parecesse bom para ela. Veja como Satanás estava obscurecendo a linha de distinção entre Deus e Eva em sua mente:
Deus Eva
Consequência do Controle
Eva foi a primeira de nós a ser atraída pela lógica do controle. Ela foi a primeira a ficar confusa com a ideia de que tudo dependia de ela decidir o que precisava ser feito e fazê-lo. Ela foi a primeira a ser consumida pelo desejo de fazer tudo dar certo — e depois perceber com profundo remorso que ela tinha feito tudo dar errado. E, notavelmente, ela foi vítima dessa lógica, mesmo em um ambiente onde nada realmente estava errado. (Certamente não havia shorts de basquete.)
Quando Deus explicou a devastação da queda, é interessante que uma das consequências de Eva correspondeu à sua ofensa: Deus disse que seu desejo agora seria controlar seu marido. (Gn 3.16)
Você vê a conexão? Eva se recusou à rendição. Ao pegar o fruto, ela assumiu o controle. Então Deus permitiu que ela se tornasse controladora. Ray Ortlund chama o julgamento de Deus de “uma resposta medida pela medida ao pecado [de Eva]”.1
Uma Filha de Eva
Como uma filha de Eva, muitas vezes estou tão convencida que posso ver claramente o que é bom e o que é ruim — tanto para mim quanto para todos os outros no carro. Seja algo pequeno como shorts de basquete ou algo grande como ser pai ou mãe, sinto esse fardo avassalador de garantir que o que considero bom se concretize na vida daqueles que amo. Repetidamente, imponho minha lógica com punhos cerrados e portas de carro batendo. Mas, ao fazê-lo, estou ofuscando a linha de distinção entre mim e Deus. Estou tentando ser como Deus, não me render a Ele.
Nem todo controle é ruim. Isso é o que torna esse tema complicado. Existe um tipo de controle que é um doce e delicioso fruto do Espírito: o fruto do autocontrole. As mães produzem esse doce fruto quando cuidam de seus filhos com responsabilidade, em vez de ignorar o mau comportamento. Mas você vê como em minha resposta sobre o shorts de basquete faltou o fruto do autocontrole? Eu estava tentando governar; eu não estava interessada em ser governada pelo Espírito.
Nos momentos em que enfraqueço meu marido, ando com ansiedade, manipulo com medo ou me conduzo ao perfeccionismo, não estou buscando o doce fruto do autocontrole; estou repetindo a consequência de Eva tentando controlar todos menos eu.
Então, como posso arrancar as raízes da maldição e preencher minha vida com a doçura do autocontrole — que não tem remorsos? Só Jesus torna isso possível.
Outro Jardim
No Jardim do Eden, Eva assumiu o controle alcançando uma árvore que parecia muito boa para ela.
No Jardim do Getsêmani, Jesus entregou o controle ao Pai ao escolher uma árvore que parecia muito, muito ruim para Ele.
Por causa da rendição extenuante de Jesus (abrindo mão do controle) na cruz, a rendição que reverte a maldição é uma opção para mim e para você. Pelo poder do Espírito, podemos vencer nosso desejo de controle com autocontrole sobrenatural.
Como filhas de Eva, provavelmente não resistiremos ao nosso desejo de assumir e manter o controle. Mas como filhas de Deus, temos outra lógica conquistadora (mais doce) disponibilizada a nós pelo Espírito. Suponha que eu tivesse (como diz Nancy DeMoss Wolgemuth) “aconselhado meu próprio coração” naquele dia em que estava furiosa com o shorts de basquete. Se eu pudesse voltar, aqui está o que eu diria:
Shannon, sim. Filhos obedecendo e maridos liderando é o ideal. Mas você tentar assumir o controle não é. Lembre-se, há um Deus, e não é você. Ele te convida a viver com essa verdade.
Apenas Deus pode atrair o coração de um filho ou de um marido. E apenas Deus pode capacitá-la com autocontrole. Você escolherá se render a Ele?
O que está fazendo você explodir de raiva ou derreter de medo? Esse comportamento está enraizado em um desejo doentio de controle? O que Deus está pedindo para você entregar a Ele? Como a rendição pode produzir em você a doçura do autocontrole?
1 Tradução livre de trecho extraído de: ORTLUND, Raymond. Male-female equality and male headship. In: PIPER, John; GRUDEM, Wayne (eds.). Recovering biblical manhood and womanhood. Wheaton, Illinois: Crossway Books, 1991. p. 97.