
Respondendo a dúvidas sobre gênero e homossexualidade
Raquel: Hoje, no Aviva Nossos Corações, abordamos algumas questões difíceis sobre gênero e atração pelo mesmo sexo.
Mulher 1: Tenho uma amiga que tem uma filha de quatorze anos. A filha chegou da escola e disse: "Eu fico animada quando interajo com aquela garota" ou "Ela me faz corar quando converso com ela; então, obviamente, sou lésbica".
Mulher 2: Em fevereiro meu filho veio até mim e meu marido e nos contou que estava envolvido em um relacionamento homossexual.
Mulher 3: Essa é uma pergunta para Jackie: O que você diria a alguém que duvida de sua decisão e pode dizer: "Isso não é só uma fase que você está passando agora, ao se casar?"
Mulher 1: Quais são as diferenças entre as construções culturais de gênero e os ensinamentos bíblicos para o gênero? Como podemos encorajar nossos filhos a …
Raquel: Hoje, no Aviva Nossos Corações, abordamos algumas questões difíceis sobre gênero e atração pelo mesmo sexo.
Mulher 1: Tenho uma amiga que tem uma filha de quatorze anos. A filha chegou da escola e disse: "Eu fico animada quando interajo com aquela garota" ou "Ela me faz corar quando converso com ela; então, obviamente, sou lésbica".
Mulher 2: Em fevereiro meu filho veio até mim e meu marido e nos contou que estava envolvido em um relacionamento homossexual.
Mulher 3: Essa é uma pergunta para Jackie: O que você diria a alguém que duvida de sua decisão e pode dizer: "Isso não é só uma fase que você está passando agora, ao se casar?"
Mulher 1: Quais são as diferenças entre as construções culturais de gênero e os ensinamentos bíblicos para o gênero? Como podemos encorajar nossos filhos a se apegar ao que é bíblico sem, por exemplo, insistir que "rosa é para meninas" e "azul é para meninos"?
Raquel: Ouça as respostas para essas perguntas e muito mais hoje no Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Mentiras em que as mulheres acreditam, na voz de Renata Santos.
Nancy DeMoss Wolgemuth: Se você nos acompanhou nessas últimas semanas, sabe que enfatizamos bastante conversas sobre questões difíceis. Ouvimos a Dra. Juli Slattery e Dannah Gresh discutindo maneiras de repensarmos a sexualidade de acordo com a Palavra de Deus.
Hoje vamos ouvir uma sessão de perguntas e respostas com as minhas amigas Mary Kassian e Jackie Hill Perry. Esta entrevista foi realizada na conferência True Woman de 2018. Mary é esposa, mãe, autora, palestrante e tem aconselhado centenas de pessoas em situações extremamente difíceis ao longo das últimas décadas.
Jackie também é esposa e mãe. Ela é artista do ministério “Spoken Word” e autora do livro Garota gay, bom Deus — a história de quem eu era e de quem Deus sempre foi. O Senhor tem usado Jackie de maneiras poderosas para ministrar a mulheres ao redor do mundo.
Essa palestra se chamava Fundamentos firmes em um mundo de gênero fluido. Escute a sessão de perguntas e respostas que elas fizeram naquele dia. Vamos começar com um alerta da Jackie. Ela disse às participantes que é fácil cair na armadilha de elevar nossas experiências pessoais acima do que a Palavra de Deus diz.
Jackie e Mary Kassian responderam perguntas sobre gênero e atração pelo mesmo sexo na pré-conferência True Woman 2018, em Indianápolis. Vamos continuar ouvindo essa conversa.
Jackie Hill Perry: Quero desafiá-las, porque temos um Diabo real e um espírito da época atuando de forma real. Algumas de nós ouvirão o que as Escrituras dizem sobre sexualidade e gênero. E a tentação que surge dentro de nós é não acreditar.
Muitas pessoas estão se afastando da fé com relação aos que as Escrituras dizem sobre sexualidade e gênero — não por causa da teologia. A teologia não é o problema; o problema é a nossa experiência. E o que está acontecendo é que nossas experiências estão moldando a forma como interpretamos as Escrituras.
Quero alertá-las contra isso! Porque, na verdade, o que precisa acontecer é que devemos estar tão ancoradas e enraizadas no que Deus diz em Sua Palavra que isso não contamine a forma como a enxergamos. Vocês entendem o que estou dizendo?
Nós amamos a Deus mais do que qualquer coisa, mais do que nossos irmãos, mais do que nossos filhos, mais do que nossas igrejas. Quando amamos a Deus acima de tudo, não abrimos mão de nossa firmeza em Sua Palavra!
Nancy: Este foi um alerta sério e importante de Jackie Hill Perry. Jackie e Mary Kassian responderam perguntas sobre gênero e atração pelo mesmo sexo na pré-conferência True Woman 2018, em Indianápolis. Vamos continuar ouvindo essa conversa.
Mulher 5: Oi, minha pergunta é: Com a intenção de compartilhar a verdade e talvez conseguir alcançar aqueles que estão cegos. . . Quando estou em um grupo e as pessoas estão falando sobre alguma questão de identidade sexual, às vezes penso que o caminho mais sábio é não dizer nada (como na ideia de "não lançar pérolas aos porcos").
Mas eu queria ouvir sua opinião. Você tem alguma frase ou até mesmo pequenas expressões que possam ser ditas sem parecer que estamos "subindo no púlpito" para pregar julgamento e condenação? Algo curto que possa fazer as pessoas refletirem, questionarem suas crenças e terem vontade de buscar a verdade?
Jackie: Para mim, tenho prestado muita atenção em Jesus. Muitas vezes, quando Jesus estava neste tipo de conversa, Ele pregava por meio de perguntas.
E aprendi a prestar atenção ao que está sendo dito, enquanto oro ao mesmo tempo. Costumo fazer perguntas e espero que, ao refletirem sobre elas, isso já faça toda a pregação necessária.
Especialmente quando você conversa com alunos de universidades da Ivy League (nome dado a oito universidades nos Estados Unidos que são conhecidas pela excelência acadêmica). Eles amam esse tipo de coisa!
Mary: Sim, eles amam! Mas isso também depende do seu público. Às vezes você está em uma conversa em um grupo pequeno com pessoas que já são comprometidas com Cristo. Acho que essa é uma conversa um pouco diferente, porque aí você as direciona de volta para a Palavra e para o amor por Cristo.
Por exemplo, nesta semana tive uma troca de mensagens com um amigo, um rapaz de vinte e poucos anos. Ele me disse: “Posso te fazer uma pergunta difícil?”
Eu respondi: “Claro, manda!”
E então ele perguntou: “Por que a homossexualidade é errada?” E, antes que eu pudesse responder, ele mandou outra mensagem: “Além do fato de que Deus nos diz que é errado”.
Jackie: E aí, o que você faz com isso?
Mary: Pois é, para onde se vai a partir disso? Eu disse: “Essa é uma questão bem fundamental. . .” Consegui compartilhar algumas coisas com ele, mas, no fim, o que ele estava perguntando eram questões do tipo Jardim do Éden: “Será que Deus realmente disse isso?”
E, como cristão, ele estava sendo influenciado pela compaixão e pelo que percebia como amor por essas pessoas. Mas você não pode separar o amor da verdade! Se a verdade não está presente, então não é realmente amor. É outra coisa.
Eu acho que depende do seu público. Você precisa saber com quem está falando. Quando você está conversando com alguém que está buscando, você apenas compartilha a bondade de Cristo e tenta mostrar uma visão de quem Deus é e a Sua bondade.
Às vezes, quando você está falando com pessoas que já deveriam saber a verdade, mas estão discutindo a questão de forma filosófica e não como uma luta pessoal — quando a atração pelo mesmo sexo não é algo que elas enfrentam, mas apenas têm um amigo que enfrenta — elas dizem: “Por que não podemos simplesmente aceitar tudo?”
Isso está acontecendo muito dentro da comunidade cristã hoje, muito mesmo. E é importante falar a verdade, mas fazê-lo com gentileza e compaixão. Na realidade, você não está sendo gentil se não está sendo verdadeiro.
Mulher 3: Esta pergunta é para Jackie, e é um pouco pessoal. Não é de forma alguma para ser desrespeitosa. O que você diria a alguém que duvida e diz: “Isso não é apenas uma fase que você está passando agora — estar casada, ter filhos? Talvez seja apenas mais uma fase da sua sexualidade?” Alguém já te perguntou isso?
Jackie: Geralmente as pessoas dizem que estou “reprimindo” minha sexualidade ou que nunca fui realmente gay, ou que na verdade sou bissexual, ou algo do tipo. Primeiro, acho irônico que a cultura eleve e aceite todas as narrativas — exceto as narrativas que desafiam sua própria visão de mundo.
Normalmente, eu respondo: “Essa é a sua opinião, mas você realmente não tem o direito de dizer que minha história é ‘X, Y e Z’”. Minha história é minha história. E, além disso, essa nem é a minha personalidade! Se fosse uma fase, eu não estaria nela! Eu sou do tipo de pessoa que faz exatamente o que quer. Não sou alguém que simplesmente finge até conseguir. O casamento é difícil demais para isso! Não sei quanto a você. . . mas dá muito trabalho!
Essa seria minha resposta: “Acho que você não tem o direito de mudar minha história só para encaixá-la em suas convicções pessoais”.
Mulher 2: Primeiro, queria dizer que fui criada na igreja minha vida inteira, e esse sempre foi um assunto muito claro para mim — até que se tornou algo pessoal. Em fevereiro, meu filho veio até meu marido e eu e nos contou que estava envolvido em um relacionamento homossexual.
Acho que minha pergunta é: ele é muito reservado, muito fechado sobre essas coisas. Foi preciso muita coragem para ele vir nos contar sobre isso, especialmente para o pai dele. Ele veio falar com o pai primeiro. E quando recebeu de nós a reação que já esperava. . .
Nós realmente respondemos com amor. Dissemos a ele que o amamos e que nunca viraríamos as costas para ele. Mas, obviamente, do ponto de vista de Deus, isso está errado. Acho que estou tentando entender a perspectiva dele, onde ele está nesse processo, mas ele não se comunica muito.
Primeiro, eu me perguntei: Ele é gay? Quer dizer, ele disse que era gay. Agora ele diz que esse problema já passou. Isso acontece? Esse problema simplesmente vem e vai assim? Ele se identifica como homossexual? Isso é uma fase? Eu não sei. Não entendo o outro lado, a perspectiva dele.
E, em segundo lugar, como interagir com ele? Não quero que isso seja um assunto constante nas nossas conversas. Desde que nos contou, ele tem passado muito mais tempo conosco. Nosso relacionamento, na verdade, ficou mais forte. Ele tem vindo para casa mais vezes, jantado conosco algumas vezes por semana, e isso tem sido ótimo!
Estou tentando encontrar um equilíbrio. Eu não sei. . . Devo perguntar sobre isso periodicamente? Algo como: “Como estão as coisas? Está tudo bem? Você voltou a ter contato com aquela pessoa?” Quero que ele saiba que isso ainda é algo que carrego no meu coração e na minha mente, mas não quero ficar constantemente interrogando ele.
Devo simplesmente aceitar o que ele me diz ou devo continuar tentando entender mais profundamente?
Mary: Certo, vejo duas perguntas nisso. A primeira é: A atração homossexual pode ir e vir? Você é gay e pronto, ou isso pode flutuar? A segunda é sobre sabedoria para interagir com ele. Gostaria que nós duas respondêssemos essas perguntas, pode ser?
Nos últimos anos, com a pressão cultural e a aceitação — e até a exaltação — dessa questão, houve muita experimentação entre os jovens. Sei que até em escolas cristãs, como uma que fica aqui perto, alguns alunos dizem que ser bissexual é a “moda” entre as meninas mais descoladas. Elas estão experimentando sexualmente com garotos e garotas, e algumas afirmam ser lésbicas e estão se relacionando com outras meninas.
Mas, na minha visão, parte disso pode ser apenas uma busca por atenção, uma fase de experimentação ou curiosidade — e não necessariamente algo ligado à identidade. Porém, acredito que o pecado tem um jeito de nos prender. Mesmo que a curiosidade seja o que leva alguém a isso, o pecado sexual afeta nossa identidade em níveis muito profundos — seja heterossexual ou homossexual. Estou falando de todo tipo de pecado sexual. Ele impacta a pessoa em um nível tão profundo que exige cura.
Portanto, sobre sua primeira pergunta: “Ele pode ser homossexual e depois deixar de ser?” Eu não sei. Talvez a Jackie possa responder isso melhor. Mas sei que já vi muita experimentação e mudanças de comportamento simplesmente por curiosidade. Isso tende a acontecer mais entre os mais jovens.
Jackie: Acredito que o pecado se transforma. O pecado. . . ele é ganancioso. No meu caso, há pecados que enfrentei neste ano que nunca havia enfrentado antes — por causa da fase da vida em que estou, do estresse que estou passando, do meu crescimento como pessoa.
Acho que isso é possível? Sim. Porque acho que isso mostra o que acontece dentro dos nossos corações quando não estamos em paz ou em descanso com Deus. Ficamos inquietas, sempre tentando encontrar algo que nos satisfaça. “Ah, isso não me satisfaz, então vou para outra coisa” ou “Isso não me satisfaz, então vou mudar novamente”.
Acho que isso reforça a ideia de que a questão central não é a sexualidade, mas a incredulidade. O que você está vendo é provavelmente o fruto da fé oscilante dele. Não estou dizendo que as tentações são fruto da fé dele, mas as tentações são fruto da sua natureza. Você entende o que quero dizer? Então, sim.
Mary: Outra coisa que eu diria, em relação à forma como você deve lidar com ele como mãe: fico tão feliz que o relacionamento de vocês esteja florescendo, que ele se sinta bem-vindo em sua casa, e que as coisas estejam indo bem. Mas acho que a questão central deve ser o relacionamento dele com Deus, e não sua sexualidade.
Acho que a Jackie falou muito bem sobre isso. O ponto principal é o coração dele diante de Deus. Se isso estiver certo, então outras coisas se encaixarão no devido lugar em termos de comportamento. Mais uma vez, a tentação. . . você não sabe, mas não é sua função consertá-lo. Seu objetivo não é fazer dele um heterossexual. Seu objetivo é ajudá-lo a ser um adorador e seguidor de Jesus.
Jackie: Amém. Acho que a única coisa que eu acrescentaria é. . . digo isso com muito amor: “Não complique demais”. Se você sentir vontade de fazer uma pergunta, faça. Se depois perceber que foi uma pergunta boba, peça desculpas. Sinceramente, não coloque tanta pressão sobre si mesma para ser a mãe perfeita ou a evangelista perfeita. Você não é perfeita, mas o Espírito Santo é.
Confie que o Espírito Santo vai usá-la e guiá-la na forma como você ama seu filho. Mas também esteja disposta a admitir quando errar.
Mulher 6: Olá, meninas. Minha pergunta é para a Jackie. No começo, você disse: “As pessoas se afastam, não por causa da teologia, mas por causa da experiência”. Gostaria que você expandisse essa ideia e compartilhasse como isso se manifestou na sua vida pessoal.
Jackie: Bem, eu não acho que tenha me afastado — glória a Deus! Há um homem que se identifica como cristão gay, e ele sentia que as Escrituras tinham que estar erradas em relação à sexualidade e à homossexualidade.
Quando ele foi estudar o assunto, já começou com a pressuposição de que tudo o que o texto dizia não poderia significar o que realmente estava dizendo. É algo muito sutil, mas acontece quando as pessoas permitem que sua experiência e seus sentimentos determinem a forma como interpretam a Bíblia. Quando dizem: “A Bíblia precisa se encaixar no que eu sinto, no que estou vivendo”.
Em vez disso, deveriam abordá-lo com uma perspectiva objetiva, dizendo: “Deus, diga-me o que o Senhor quer dizer”. E isso está acontecendo com pessoas que estão na fé cristã há décadas!
Mary: Sim.
Jackie: Isso não acontece com os novos convertidos, porque eles estão chegando sem conhecer a Bíblia. . .
Mary: Eles leem e dizem: “Isso é o que está escrito? Então é isso que significa?”
Jackie: Sim, eles simplesmente dizem: “Não me importo!” Mas aí vem alguém que diz: “Ah [suspiro]. . . Mas eu a amo, então Romanos 1 não pode estar dizendo isso; deve estar dizendo outra coisa”.
Essa tem sido a minha experiência. Acho que a forma de combater isso é através da oração, porque, para ser bem franca, esta é uma questão espiritual.
Mas também precisamos de hermenêutica. . . Uma boa hermenêutica nos ensina a interpretar as Escrituras corretamente. Muitas pessoas estão afrouxando seu entendimento porque, na verdade, nunca souberam como ler as Escrituras corretamente.
Mulher 6 (continua): Parece que, muitas vezes — e eu ouço isso mais em relação a lésbicas do que a homens gays — há uma história de feridas emocionais que parecem contribuir para a atração por relacionamentos com o mesmo sexo. Talvez isso não seja verdade, mas essa tem sido minha observação.
Jackie: Você quer falar sobre isso, Mary?
Mary: Estou no ministério há muito tempo — mais de quarenta anos.
Jackie: Glória a Deus! Isso é uma bênção!
Mary: Especialmente porque eu tenho trinta e nove, certo?! (risos)
Jackie: Bênção maior ainda! (risos)
Mary: O que eu vi foi uma mudança ao longo do tempo. Nos anos 1980 e 1990, as mulheres que se tornavam lésbicas convictas (segundo minha experiência) tinham, em 95% dos casos, um histórico de abuso sexual.
Era uma reação radical, e às vezes também uma reação ideológica. O feminismo impulsionou isso de maneira intensa. No auge do feminismo, nos anos 1980, começou-se a promover o lesbianismo como uma forma de rejeitar o patriarcado, tornando-se algo mais ideológico. Mas, ao longo dos anos, isso mudou.
Antes, eu via uma ligação muito direta entre abuso sexual e lesbianismo. Acho que essa conexão ainda é forte, mas hoje, devido à cultura em que vivemos, muitos casos têm uma motivação diferente. Às vezes, é movido por curiosidade ou experiências. E o pecado se instala e prende a pessoa. Em outros casos, é motivado ideologicamente. Mas a relação entre abuso sexual e lesbianismo não é tão alta como costumava ser.
Jackie: Sim, concordo. No meu caso, eu tive atração pelo mesmo sexo antes de ser abusada. Mas o abuso tornou mais fácil assumir que essa atração era algo que eu deveria seguir.
Digo isso porque, quando eu estava no jardim de infância, já sentia que gostava de meninas. Depois, no primeiro e no segundo ano, sofri abuso. Aí essa situação continuou, e eu também não tinha a presença do meu pai.
Nancy: Deixe-me interromper por um momento. A Jackie mencionou todos esses fatores: a atração por meninas, o abuso, a ausência do pai. . . Tudo isso levou ela a pensar: “Então eu gosto de meninas, e os homens não prestam!” Com o tempo, essa combinação de fatores resultou em Jackie adotando um estilo de vida lésbico.
Ela já contou sua história aqui no Aviva Nossos Corações. É um testemunho poderoso e uma linda ilustração do amor e da graça redentora de Cristo!
Você pode encontrar um link para essa série no site avivanossoscoracoes.com, ou aqui na transcrição do episódio de hoje.
Agora, vamos continuar ouvindo Jackie Hill Perry respondendo a perguntas, junto com a Mary Kassian.
Jackie: Muitos dos amigos que tive e muitos dos relacionamentos que tive eram com pessoas que tinham ambos os pais, sem traumas — o que significa que, quando olhamos para as Escrituras, o pecado nunca é atribuído ao trauma. Acho que o trauma apenas exagera o que já está lá.
Mulher 7: Oi, Jackie. Eu só queria fazer um comentário e dizer: “Obrigada”. Minha filha tem vinte e dois anos e já teve experiências com outras meninas (ela me contou). Minha mãe fica insistindo para que eu diga a ela o quão pecaminoso e errado isso é, e para que eu martele isso na cabeça dela.
Mas acho que o que você disse hoje — sobre como não podemos apenas ficar martelando o pecado na vida de alguém, porque isso só as afasta ainda mais de Deus — foi muito importante para mim. Percebi isso, e agora meu relacionamento com a minha filha está próximo o suficiente para que ela possa conversar comigo. Minha amiga e eu estávamos conversando sobre isso: eu só preciso continuar orando por ela!
Ela está em um relacionamento com um rapaz, mas ainda diz coisas como que vai a clubes de strip-tease e que gosta de olhar para mulheres. Isso me faz sentir. . . Eu continuo orando por ela, porque sei que um dia — e não é no meu tempo, mas no tempo de Deus — ela vai mudar.
Eu não posso mais tentar controlar. É difícil lidar com uma geração como a dos meus pais, que são católicos romanos e simplesmente não entendem que eu não posso mudar minha filha — somente Deus pode. Você é a primeira pessoa que eu ouvi dizer isso, então eu aprecio muito.
Fiquei pensando que era uma péssima mãe por não dizer algo como: “Bem, é isso que a Bíblia diz. . .” Eu converso com ela sobre isso, mas isso acabou afastando o nosso relacionamento e passamos muito tempo sem nos falar.
Deus quer que amemos e eu estou tentando demonstrar esse amor por meio da oração e do cuidado com ela. Eu tenho um quadro de oração pela vida dela — não tenho um “quarto de guerra” [um espaço dedicado para uma oração intensa], mas tenho um quadro de oração.
E, como disse, hoje foi a primeira vez que ouvi alguém dizer isso. Foi uma confirmação de que estou fazendo a coisa certa. Eu só queria dizer: “Obrigada!” Muito obrigada, porque todo mundo sempre me fez sentir como se eu estivesse educando minha filha da maneira errada.
Jackie: Sim, todo mundo tem tantas opiniões sobre como criar filhos! Eu percebi isso como mãe. “Ela precisa ter uma rotina de sono!” E eu fico tipo: “Você não conhece a minha vida!” Mas quero acrescentar uma pequena observação que não mencionei antes. Quando eu não era cristã, isso não significa que o pecado não deveria ser abordado. . .
Uma vez, quando fui falar em Harvard, mencionei a palavra “pecado”, e depois as pessoas que me convidaram me disseram: “Você deveria ter explicado melhor, porque há lugares em que as pessoas nem sabem o que essa palavra significa”.
É importante haver algum tipo de conversa sobre isso. Mas eu diria que, no meu caso, ouvi mais sobre o pecado do que sobre Deus, e acho isso problemático — quando a evangelização gira mais em torno da minha quebra do que da glória e a suficiência de Cristo.
Fico pensando: se eu tivesse ouvido mais sobre Cristo do que sobre inferno, talvez eu tivesse me voltado para Ele mais rapidamente. Porque, assim, eu teria uma motivação gloriosa para me render, em vez de apenas querer escapar do castigo.
Mulher 7 (continua): Eu tento encorajá-la dizendo: “Deus ama você”, e é isso que eu tento demonstrar para ela.
Jackie: Obrigada.
Mulher 8: Falando mais do ponto de vista universitário. . . Tenho colegas e amigos que não são cristãos e que talvez nem sejam homossexuais, mas dizem: “Homossexualidade é normal porque a sociedade acredita que é normal”. Como posso mostrar a eles que isso não é certo, sem simplesmente dizer: “A Bíblia diz que é errado, então é errado!”?
Existe uma maneira de levá-los a essa conclusão sem dizer isso logo no começo? Porque, se eu disser assim de cara, eles vão se fechar completamente e não vão querer ouvir. Talvez eles queiram ouvir algo diferente. Como posso chegar a esse ponto sem simplesmente dizer: “Ei, Deus diz que é errado, então é errado!”?
Jackie: Algumas pessoas que eu estudo quando se trata de engajar com o pensamento secular são Tim Keller — acho que ele é um excelente comunicador em ambientes onde as pessoas não são cristãs ou não vêm de uma perspectiva cristã.
Também há um livro chamado Cristo: O controverso, que aborda as diferentes questões que as pessoas tinham contra Jesus e como Ele lidava com essas conversas.
Além disso, é essencial se preparar e entender a conversa de forma completa. Quanto mais você souber, melhores serão as perguntas que poderá fazer.
Mulher 1: Tenho uma amiga que tem uma filha de quatorze anos. Um dia, a filha chegou da escola e disse: “Fico animada quando interajo com essa menina” ou “Ela me faz corar quando falo com ela, então, obviamente, sou lésbica”.
Foi a primeira vez que a mãe ouviu algo assim. Como ela pode lidar com isso? A primeira reação dela foi simplesmente cortar a conversa e dizer: “Não, você não é!” Mas estou me perguntando: qual é a maneira saudável de lidar com essa situação?
Mary: Se fosse minha filha, eu faria o que meus pais fizeram comigo, em certa medida — mas com um pouco mais de compreensão e reconhecimento de que elas vão ouvir essa mensagem. Acho que precisamos preparar nossas filhas bem antes disso. (Nossos filhos também.)
Se a primeira vez que elas estão enfrentando essa questão for aos quatorze ou quinze anos, sem estarem preparadas, então não fizemos nosso trabalho como pais nesta cultura e nesta era.
Eu caminharia com ela pela Palavra de Deus e diria: “Eu sei que você está sentindo isso, e sei que a cultura diz que isso é bom e que você deve seguir esse caminho. Mas vamos ver como Deus criou o homem e a mulher”.
Acho que é importante ter essas conversas — fazer perguntas e manter uma comunicação aberta. E, se os pais criarem o hábito de levar seus filhos à Palavra de Deus para encontrar respostas, isso pode se tornar natural para a criança. Como a Jackie disse, os sentimentos são secundários em relação ao que a Palavra de Deus nos ensina.
Mulher 1 (continua): Também tenho uma pergunta sobre como educar crianças pequenas no que diz respeito a encorajá-las em relação ao seu gênero.
Estava pensando especialmente nas diferenças entre as construções culturais de gênero e as prescrições bíblicas sobre gênero. Como podemos incentivar nossos filhos a se apegar ao que é bíblico, sem reforçar ideias como “rosa é para meninas” e “azul é para meninos”? Devemos encorajar as construções culturais de gênero? Gostaria muito de ouvir as opiniões de vocês sobre isso.
Mary: Ok, essa é uma pergunta difícil. Acho que, por um lado, as expressões culturais não são o ponto central. Importa se o seu filhinho quiser usar esmalte preto? Algumas dessas questões podem depender da idade, da influência dos irmãos — talvez ele tenha irmãs mais velhas. Então, é apropriado?
Você pode pensar: “Ok, isso é diferente se for uma criança de dois anos, de dez anos ou de dezesseis anos. . . Mas será que realmente importa?” Tipo, “Será que ele é mais artístico? Porque essas pessoas artísticas fazem coisas meio esquisitas!” (risos)
Acho que aqui precisamos realmente depender de Deus para o discernimento. Para mim, foi bom ouvir dos meus pais: “Você não vai fazer isso só porque você é menina”. Eles precisavam ter discernimento. Meu pai me colocava para trabalhar na garagem, cortando madeira, enquanto os meninos estavam passando aspirador. Não havia um estereótipo rígido.
Mas havia um entendimento de que a forma como você se apresenta ao mundo comunica algo — se você se apresenta como mulher ou como homem. Isso tem algumas conexões culturais, e geralmente conseguimos perceber e discernir isso.
Frequentemente, é o pai que intervém tanto para as filhas quanto para os filhos, dizendo: “Você não vai sair assim!” Então, existem dois lados nisso.
Por um lado, as questões culturais são discutíveis, porque não estão explícitas nas Escrituras. Mas, por outro lado, a forma como nos apresentamos ao mundo reflete nossa identidade. Portanto, acho que isso não é irrelevante, mas também não é o mais importante. Pode ser um sinal de algo, então tem uma certa importância.
Lembro que havia um comercial. . . Não sei se era de jeans ou outra coisa. Foi há um tempo (“há um tempo,” tipo, três anos atrás), quando começou a ser controverso os meninos usarem esmalte, porque estavam promovendo. No comercial, um menino aparecia com as unhas pintadas, e isso gerou muita discussão.
A verdade é que existem marcadores culturais, e não acho que sejam totalmente irrelevantes. Jackie, você passou por isso quando veio para Cristo.
Jackie: Sim. Agora que falamos sobre isso, uma pequena coisa que faço com minha filha é: quando ela assiste a desenhos animados, muitas das princesas estão de vestido. E sinto uma responsabilidade especial de ensiná-la que ela é uma princesa mesmo sem um vestido.
Muitas vezes, ela coloca um vestido e diz: “Mamãe, agora eu sou uma princesa!”
E eu digo: “Não, filha, você já era uma princesa. Você era uma princesa quando estava de pijama, você era uma princesa quando estava com aquela calça jeans de oito dólares da Target”.
Eu levo isso muito para o lado pessoal, porque quando eu era criança, muitas pessoas me chamavam de “masculina” simplesmente porque eu não era hiperfeminina.
E por “hiperfeminina,” quero dizer: “Ah, você não usa rosa, não faz as unhas, não usa vestidos”. E por causa disso, as pessoas me rotulavam como “masculina” e eu comecei a acreditar nisso. Mas quem disse que não querer usar bolsa significa falta de feminilidade? Quem define a feminilidade dessa maneira?
Ou quem disse que um homem é efeminado só porque é emotivo? Como se isso não fosse algo humano. Se eu tiver um filho, uma das formas de lidar com isso será não envergonhá-lo por ser emotivo. Não vou envergonhá-lo por chorar. Não vou envergonhá-lo por sentir.
Acho que é por isso que temos tantos homens hoje famintos por afeto de maneiras objetificantes ou prejudiciais. Eles tinham medo de demonstrá-lo de forma saudável ou foram envergonhados ao tentar expressá-lo de maneira saudável. Não respondi à pergunta, mas. . .
Mary: Não é uma pergunta fácil de responder.
Jackie: Sim, não é! Acho que depende de cada caso.
Mary: Sim, porque imagine um menino de cinco anos que tem lido certos livros, ou está sendo influenciado por sabe lá o quê, ou simplesmente, por impulso, quer ir para a escola vestindo um vestido da Cinderela. Você deixaria seu filho de cinco anos ir para a escola assim?
Jackie: Não.
Mary: Seu marido vai dizer “não”. A cultura dirá: “Ah, qual é o problema? Vamos celebrar isso!” É nesse ponto que acho que os pais desempenham um papel fundamental — e as mães também. Mas as mães costumam ter um papel mais acolhedor, do tipo: “Vamos incentivar a personalidade dele”, “Vamos deixá-lo florescer e crescer”.
Porém, existem marcadores que precisam ser observados. E, como eu disse antes, isso não é o mais importante, mas a Palavra de Deus é. Há muita diversidade na maneira como expressamos quem somos como homens ou mulheres. Mas se fomos criadas à imagem de Deus e Ele nos fez mulheres, devemos nos apresentar ao mundo como mulheres.
Jackie: Certo, sim.
Mulher 9: Isso pode variar de caso para caso também, mas minha dúvida é: Quando fazemos amizade com pessoas da comunidade gay, como equilibramos isso? Se estou namorando alguém, compartilho com minhas amigas sobre a pessoa que gosto, com quem estou saindo e o que estou sentindo. É assim que nos conectamos, compartilhando nossas vidas.
Mas, às vezes, com amigos próximos, fico preocupada: até que ponto devo ouvir e conversar sem dar a impressão de que estou celebrando algo que não aceito? Entendem o que quero dizer?
Jackie: Sim. Não tome a minha abordagem como “o método dos métodos”, mas eu continuo tendo amizades com pessoas que são gays. Só que existe um limite naquilo que elas compartilham comigo. Elas sabem que sou criteriosa. É como se pensassem: “A Jackie escreveu um livro sobre homossexualidade. . . Talvez ela não seja a melhor pessoa para eu contar sobre minha namorada”. Normalmente, elas falam de maneira geral, sem entrar em detalhes. Não é um assunto recorrente nas nossas conversas.
Para mim, quando isso acontece, eu encaro como, por exemplo, se alguém me dissesse: “Estou noiva!” Elas já sabem onde eu me posiciono, então não sinto a pressão de afirmar ou aprovar, porque isso já está claro.
Minha cabeleireira em Chicago — sempre minha cabeleireira! — vivia terminando e voltando com a namorada. Uma vez, ela disse: “Ah, me mudei da casa”, e começou a contar sobre a situação. E, em vez de entrar na questão do relacionamento dela, perguntei: “Ah, e para onde você vai se mudar?” Eu apenas direcionei a conversa para outro ponto, de forma natural. Continuo conversando com ela, mas não vou. . .
Se fosse uma amiga minha que estivesse com um homem, eu perguntaria: “O que aconteceu!? Como você acha que pode resolver? Como posso orar por vocês? Como posso ajudar para que vocês se reconciliem?” Eu escolho não dar espaço para essa afirmação da relação. Então, podemos falar sobre a mudança, sobre como ela está se organizando, se precisa de ajuda.
Mary: Parte disso também é que, às vezes, nós compartimentalizamos o pecado. Tipo, "Ah, a comunidade gay. . ." ou "a comunidade homossexual. . ." Para mim, seria o mesmo que conversar com qualquer um dos meus amigos que não são salvos. Seria como uma amiga minha que está morando com o namorado, ou se ela está no quarto namorado e prestes a se mudar para morar com ele. Isso também é pecado. Não está certo. Ou aquela que está falando sobre ter um caso. Se eu tenho uma amiga que está se sentindo atraída por um cara no trabalho, é a mesma coisa. Eu não vou afirmar o pecado, mas vou ouvir e vou ser amiga.
Jackie: Sim, sim, isso mesmo!
Nancy: Amar as pessoas bem sem afirmar o pecado delas exige a sabedoria e a graça do Espírito Santo. Estivemos ouvindo as minhas boas amigas, Mary Kassian e Jackie Hill Perry, respondendo às perguntas do público em uma sessão de perguntas e respostas na pré-conferência True Woman 2018.
Esta questão da atração por pessoas do mesmo sexo e as questões sobre identidade de gênero se tornaram tópicos centrais por causa das mensagens com as quais estamos constantemente sendo bombardeadas!
Gostaria de encorajá-las a continuar explorando esse tema com um livro que a Jackie Hill Perry escreveu chamado: Garota gay, bom Deus.
Estamos encerrando o mês de junho com o tema da sexualidade. Eu espero que você tenha sido edificada durante este mês e que algumas perguntas que você tinha tenham sido esclarecidas.
Amanhã iniciaremos o mês de julho e nossa ênfase será sobre o poder da nossa língua. Vamos explorar o poder que esse pequeno órgão tem sobre a nossa vida e sobre a vida daqueles ao nosso redor.
Gostaríamos de convidá-la a participar do desafio de 30 dias do poder das palavras. Enviaremos um link por WhatsApp e por email para que você possa se cadastrar e receber um encorajamento diário sobre como utilizar as suas palavras de forma sábia e que edifique as pessoas ao seu redor. Não deixe de ser abençoada por este desafio.
Raquel: O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, chamando as mulheres à liberdade, à plenitude e à abundância em Cristo.
Clique aqui para o original em inglês.