Dia 3: Gratidão é um escolha
Raquel Anderson: Mary Kassian diz que se sente humildemente tocada pelo coração grato de sua amiga mesmo em meio ao sofrimento.
Mary Kassian: É um lembrete tão necessário. Um lembrete que afia o coração — de que Deus nos dá a capacidade de fazer essa escolha: escolher a gratidão. Na verdade, quando escolhemos ser gratas, estamos escolhendo a Ele. Estamos escolhendo enxergar o quanto Ele é grande — e ser gratas por isso.
Raquel: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora do livro Escolhendo a Gratidão, na voz de Renata Santos.
Nancy DeMoss Wolgemuth: Hoje, no Aviva Nossos Corações, vamos encerrar uma entrevista que a Dannah conduziu com nossa amiga Mary Kassian. Se você acompanha nosso programa há algum tempo, provavelmente já ouviu a voz da Mary antes.
Ela é esposa, mãe, professora, palestrante internacional e autora. Seu livro mais …
Raquel Anderson: Mary Kassian diz que se sente humildemente tocada pelo coração grato de sua amiga mesmo em meio ao sofrimento.
Mary Kassian: É um lembrete tão necessário. Um lembrete que afia o coração — de que Deus nos dá a capacidade de fazer essa escolha: escolher a gratidão. Na verdade, quando escolhemos ser gratas, estamos escolhendo a Ele. Estamos escolhendo enxergar o quanto Ele é grande — e ser gratas por isso.
Raquel: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora do livro Escolhendo a Gratidão, na voz de Renata Santos.
Nancy DeMoss Wolgemuth: Hoje, no Aviva Nossos Corações, vamos encerrar uma entrevista que a Dannah conduziu com nossa amiga Mary Kassian. Se você acompanha nosso programa há algum tempo, provavelmente já ouviu a voz da Mary antes.
Ela é esposa, mãe, professora, palestrante internacional e autora. Seu livro mais recente se chama Crescendo em Gratidão.
Hoje, Dannah começa com uma pergunta.
Dannah Gresh: Como anda sua gratidão? Se você tivesse um “medidor de gratidão” bem na sua frente, e precisasse colocar o ponteiro em uma posição que refletisse com honestidade como você está nessa área, ele estaria lá no máximo, marcando dez? Ou estaria lá no comecinho, indicando que você ainda está iniciando sua jornada de gratidão, aprendendo aos poucos o que é ser grata?
Bom, independentemente de onde você esteja, eu acho que você vai se sentir encorajada hoje pela Mary. Mary, seja bem-vinda de volta.
Mary: Obrigada, Dannah. É um prazer estar aqui com você.
Dannah: Posso te fazer uma pergunta?
Mary: Claro!
Dannah: Afinal, é por isso que você está aqui — pra eu te fazer perguntas e você dizer coisas inteligentes. (risos) Você sempre foi grata?
Mary: Não, eu nem sempre fui grata. E mesmo hoje, ainda não sou grata o tempo todo. Mas sou muito mais grata do que costumava ser.
Lembro bem, quando era mais jovem, bem no início da minha jornada de gratidão. . . Essa é uma história bem Aviva Nossos Corações, porque ela é de muito tempo atrás, na época de Elisabeth Elliot e o programa de rádio que ela tinha, que foi o precursor do Aviva Nossos Corações.
Eu era uma mãe jovem, e aquilo era tudo muito novo pra mim — sair do mundo profissional e entrar no mundo das fraldas. Gratidão não era exatamente o que me caracterizava. . . Eu reclamava bastante.
Provavelmente tinha um pouco de ressentimento do tipo: “Por que eu sou sempre a que fica com as tarefas mais pesadas?” E por aí vai. . .
Dannah: Você sentia falta do seu trabalho fora de casa?
Mary: Sim, eu sentia falta. Sentia falta do ritmo profissional, da energia, do ambiente. Foi uma grande mudança pra mim.
Lembro que estava ouvindo o rádio certa manhã enquanto fazia as tarefas de casa, e a Elisabeth Elliot estava no ar. E aí ela disse uma frase que me paralisou completamente. A frase foi: “Sempre é possível ser grata pelo que se tem, em vez de reclamar pelo que não se tem. Um dos dois se torna um hábito de vida.”
Aquilo me impactou de um jeito que fui correndo pegar uma caneta e um post-it, e anotei: “Sempre é possível ser grata pelo que se tem, em vez de reclamar pelo que não se tem. Um dos dois se torna um hábito de vida.”
Eu mantive aquele post-it por uns dez anos, até a tinta sumir e eu não conseguir mais ler. Coloquei aquela frase na minha geladeira, no espelho do banheiro, no meu escritório. . . Eu ficava mudando de lugar só pra não me esquecer de que é possível ser grata por aquilo que Deus me dá.
Dannah: Eu consigo imaginar mulheres agora mesmo pegando seus post-its, encostando o carro no caminho da escola pra pegar um na bolsa. . .
Mary: Sim! Vão lá, peguem seus post-its! Porque é sempre possível ser grata. E olha, vindo da Elisabeth Elliot, essa frase tem um peso ainda maior, porque ela passou por situações extremamente difíceis.
O primeiro marido dela foi assassinado, outro morreu de câncer. . . ou seja, quando ela dizia: “Sempre é possível ser grata”, ela sabia do que estava falando. Ela tinha todos os motivos do mundo pra viver reclamando, ressentida — mas ela escolheu a gratidão.
Dannah: Então, Mary, como isso te impactou como uma jovem mãe que ficava em casa? Qual foi a diferença?
Mary: Fez muita diferença, porque assim que eu tirei os olhos de mim mesma e comecei a pensar: “Sim, é possível ser grata pelo que me foi dado. . .” — e claro, Elisabeth Elliot abordava a gratidão a partir de uma perspectiva cristã. Ela dizia:
“Você não é necessariamente grata pela circunstância em que está, mas você é grata pelo Deus que te ajuda a passar por essa circunstância. Você é grata pelo Deus que te dá alegria. Você é grata pelo Deus que te capacita a suportar toda tempestade.”
Penso em 1 Tessalonicenses 5.18. Nós temos mencionado esse versículo nos últimos dias: “Em tudo, deem graças, porque esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.”
Isso é tão natural, né? Acho que a Bíblia nos dá essa instrução justamente porque temos a tendência de reclamar e murmurar quando a vida fica difícil.
Dannah: Eu tenho mergulhado no Salmo 131 nas últimas semanas e meses, porque é um capítulo com apenas três versículos, mas fala sobre estar satisfeita na presença de Deus.
Davi escreveu esse salmo — ou pelo menos, é o que muitos estudiosos acreditam — ou quando seu casamento estava passando por tensões, já que sua esposa o zombava por adorar ao Senhor publicamente, ou durante o tempo em que Saul estava tentando destruí-lo, tentando cancelá-lo — como falamos hoje em dia.
Mary: Cultura do cancelamento.
Dannah: Exatamente, cultura do cancelamento. Mas no caso dele, era uma versão bem mais perigosa disso.
Mary: Sim, um cancelamento mortal.
Dannah: E mesmo assim, ele encontra contentamento. Como? Tirando os olhos de si mesmo.
Mary: Exatamente.
Dannah: Isso é exatamente o que você acabou de dizer. Essa é a chave. Na nossa cultura do “selfie”, acho que nossa insatisfação e falta de gratidão são alimentadas por esse foco constante em nós mesmas.
Mary: Com certeza. A gente enxerga o tamanho do problema. Enxerga o tamanho do desafio, ou o tamanho da infelicidade, da frustração. . . Aquela situação cresce tanto aos nossos olhos!
Estamos tão focadas em nós mesmas, mas se conseguíssemos tirar o foco do tamanho do nosso problema e colocá-lo na perspectiva do tamanho de Deus, nossos corações transbordariam de gratidão.
Você mencionou Davi, e os Salmos. Davi passou por muitas dificuldades — no casamento, na família, perseguições, problemas com pessoas. Saul queria matá-lo. E só o fato de ser rei já trazia uma carga enorme.
Havia tantas razões para ele murmurar e reclamar. E às vezes ele até levava suas dores ao Senhor e derramava o coração diante dele. Mas, mesmo assim, ele fez da gratidão um hábito. Ele orientava sua alma a ser grata em tempos difíceis.
Salmo 103.2 diz: “Bendiga, minha alma (ele está falando consigo mesmo), ó Senhor, e não se esqueça de nem um só de seus benefícios.” Ou seja, ele está dando um conselho a si mesmo, dizendo. . .
Dannah: Sim! Eu amo isso! Isso é um verdadeiro “diálogo interior bíblico”. Num mundo em que se fala tanto sobre “autocuidado”, “autoaceitação”, “autoconfiança”, “autoisto e autoaquilo”. . . Acho que, assim como a gratidão pode ser direcionada à fonte errada — esquecendo quem é a verdadeira fonte de tudo o que temos — nosso diálogo interno também pode ser desviado.
E aqui vemos Davi dizendo: “Alma, louve ao Senhor!”
Mary: Exatamente. Ele está dando um incentivo a si mesmo, algo tipo: “Vamos lá! Reaja! Louve ao Senhor. Não se esqueça dos benefícios dele!” Porque é isso que acontece: nossa tendência é esquecer os benefícios quando enfrentamos crises e tempos difíceis.
Dannah: É verdade.
Você disse algo muito importante que eu não quero deixar passar: Davi não deixou de lamentar. Ele levava seus problemas a Deus. Você não está dizendo que devemos ter uma “gratidão falsa”, um sorriso forçado que nunca some, que não podemos chorar ou fazer perguntas difíceis a Deus.
Na verdade, temos muitos exemplos na Bíblia de pessoas como Davi e os profetas que lamentaram diante de Deus. Eles levaram suas perguntas, suas dúvidas, suas dores a Ele. Certo?
Mary: Eu acredito que há uma diferença entre lamentar e murmurar, na verdade. Quando lamentamos, reconhecemos a dor, a dificuldade, o sofrimento — e levamos tudo isso diante de Deus. Pedimos ajuda a Ele para suportar, pedimos que Ele resolva, que Ele intervenha com Seu poder e mude a situação.
Mas isso é diferente de murmurar contra Deus e dizer: “Deus!” — com o punho fechado, revoltadas — “Como o Senhor pôde deixar isso acontecer na minha vida?”
Eu creio que levar o coração partido a Deus é algo bíblico. Mas ir até Ele com espírito de revolta, de acusação, com o punho erguido, dizendo: “Como ousa fazer isso comigo?” — isso é petulância. Existe uma diferença.
E mesmo no meio da dor profunda, do sofrimento intenso. . . e muitas de nós estamos enfrentando passando por isso agora!
Estamos enfrentando problemas nos relacionamentos. Talvez lidando com um filho rebelde. Talvez enfrentando problemas de saúde — quem sabe uma batalha contra o câncer, com quimioterapia e aquela rotina que parece interminável de idas ao médico.
E quando vemos um filho sofrendo? Eu conheço essa dor de ter um filho com necessidades especiais e vê-lo sofrer.
Podemos levar todas essas situações difíceis, duras, dolorosas — profundamente dolorosas — ao Senhor. Podemos derramar tudo diante dele e ir a Ele com nossas lágrimas, porque Ele recolhe cada lágrima em Seu odre. E, ao mesmo tempo, podemos aconselhar a nossa alma: Bendiga, minha alma, ao Senhor, e não se esqueça de nem um só de seus benefícios. Jamais esqueça.
Não se esqueça, Mary, quando você estiver num momento difícil, que Deus é grande. Esse problema parece enorme, mas Deus é ainda maior. E Ele está no trono. Ele está no controle.
Dannah: Sim. Acho que quando levamos nossas dúvidas e perguntas a Deus, podemos fazer isso com gratidão. Certo?
Mary: Com certeza!
Dannah: Eu escrevi um estudo bíblico sobre o livro de Habacuque há alguns anos, e estudar esse livro foi algo que realmente mudou minha vida.
Ele começa o livro dele meio que reclamando, porque o mundo ao redor dele. . . talvez se parecesse um pouco com o nosso mundo em 2025 — embora acho que, para ele, as coisas estavam ainda piores. Havia muitos problemas. O povo estava vivendo em pecado. O povo de Deus tinha se afastado completamente dele. Os israelitas estavam imitando a cultura pagã.
E ele diz algo tipo: “Deus, faz alguma coisa!”
E Deus responde: “Eu vou fazer algo.” E Ele fala que enviaria um povo extremamente cruel para levá-los ao exílio. Essa notícia não foi nada animadora. Mas, mesmo assim, o final do livro é um cântico de louvor e gratidão.
Quero que você compartilhe sobre isso, Mary, porque esse é um trecho muito querido para muitas pessoas. Habacuque 3.17–18:
Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na videira; ainda que a colheita da oliveira decepcione, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas desapareçam do aprisco, e nos currais não haja mais gado, mesmo assim eu me alegro no Senhor, e exulto no Deus da minha salvação.
Você fala sobre esse trecho no seu livro. Quais pensamentos brotam do seu coração ao ler esses versículos?
Mary: Essa é uma daquelas situações clássicas onde as coisas estão indo de mal a pior. Muitas de nós já passamos por isso — está ruim, e pensamos: “Bom, pior que isso não fica.” E não é que fica? E foi isso que Habacuque estava descrevendo.
Era uma crise nacional, e a situação estava ficando cada vez mais grave. Primeiro, ele fala sobre a figueira não florescer. A figueira era um recurso importante em Israel. E se ela não dava fruto, perdia-se algo considerado um luxo, uma iguaria.
Dannah: Era comida chique.
Mary: Exatamente, era comida chique! Para eles, perder isso seria tipo perder suas comidinhas favoritas. É irritante, mas dá pra sobreviver. A gente reclama um pouco, mas não é o fim do mundo.
Depois ele diz: “Não há uvas nas videiras.” Bom, as uvas eram usadas para fazer a bebida comum da época. Todo mundo bebia suco ou vinho porque era mais acessível. Então, perder isso já era um incômodo maior — como se hoje você não tivesse leite na geladeira. Já afeta o dia a dia de todo mundo. É mais do que um luxo, é uma necessidade básica.
E depois ele fala da colheita de azeitonas que falha. Isso já começa a ficar mais sério. Eles usavam as azeitonas para extrair azeite, e isso era essencial para cozinhar, para acender as lamparinas. Seria como se a rede elétrica caísse — já não é só um incômodo, é uma situação de crise. Segue a perda dos cereais — o grão da terra. Isso já era um desastre econômico.
Essa era a situação que Habacuque estava enfrentando. E isso era ainda mais crítico, porque significava não só colapso econômico, mas fome real para grande parte da população.
Dannah: Sim, porque eles não podiam simplesmente correr para o supermercado. Nós temos nossas redes de mercado, mas naquela época não era assim.
Se você não podia ir até o quintal colher azeitonas, ou pegar grãos com o fazendeiro ao lado, você passaria fome.
Mary: Sim, e muitos realmente passaram fome.
E aí vem o golpe final, quando a coisa piora ainda mais. Eles achavam que não podia piorar, mas piorou. O gado. . . “não havia ovelhas no curral, nem bois nas cocheiras.”
Ou seja, eles ficaram privados. Sem o gado, eles não só perderam o alimento — não tinham o que comer — mas também perderam a capacidade de produzir alimento. É como se todo o sistema de produção — desaparecesse num piscar de olhos. Toda a cadeia de suprimentos, o sistema que sustenta tudo, se esvaneceu.
Esse é um retrato clássico — e de certo modo simbólico — de situações em que as coisas vão de mal a pior. Não está descrevendo apenas um momento específico, mas esse tipo de circunstância em que tudo desmorona. Quando você descobre que está doente, depois descobre que é câncer, e então que só tem mais um mês de vida. Parece que cada notícia vem pior do que a anterior. E a situação vai piorando.
Mesmo quando você é atingida por esses golpes pesados — que acha que não vai conseguir suportar — ainda assim. . . É aí que Habacuque aconselha a própria alma, como Davi também fazia: “Eu me alegrarei no Deus da minha salvação” — Eu vou fazer isso.
Dannah: Eu escolho isso.
Mary: Eu escolho a gratidão. Por pior que tudo fique, eu escolho confiar em Deus.
Isso me lembra a citação da Elisabeth Elliot com a qual começamos esta conversa: “Sempre é possível ser grata pelo que se tem, em vez de reclamar pelo que falta. Uma ou outra atitude se tornará um hábito de vida.”
Como temos falado, Dannah, a perspectiva bíblica sobre a gratidão é que ela é uma disciplina. É um estilo de vida. É um estilo de vida que exige luta. É uma batalha diária. E é tão difícil lutar por gratidão quando estamos enfrentando essas situações que vão de mal a pior.
Dannah: É verdade. E este ano foi, sem dúvida, uma prova disso.
Mas enquanto você explicava esse trecho de Habacuque, eu pensei: eu tive algumas decepções. Tive alguns incômodos neste ano. Mas, comparando com a lista que você acabou de descrever em Habacuque, eu tenho tanto a agradecer.
Tenho passado muito tempo de joelhos. E ainda assim. . . eu tenho muito, muito a agradecer.
Mary: Uma das lições que vemos nesses versículos é que Habacuque decidiu focar na grandiosidade de Deus, e não na grandiosidade do problema.
Dannah: Isso mesmo!
Mary: Porque Deus é maior do que qualquer problema. Ele sabia que, mesmo que a situação fosse insuportavelmente difícil, Deus era fiel para sustentá-lo e levá-lo até o fim.
Não é fácil ser grata quando enfrentamos tempos difíceis. É ainda mais difícil quando as coisas vão de mal a pior, e os problemas só se acumulam mais e mais. Quando parece que não vai ter fim — é nessa hora que é mais difícil agradecer.
E é nessa hora que mais precisamos da gratidão.
Dannah: Sabe, esse ano revelou muito das minhas fraquezas.
Eu vivia sob a falsa ideia de que eu estava no controle da minha vida. Eu talvez não dissesse isso com palavras, mas era essa a minha postura.
E à medida que Deus foi tirando coisas que me traziam conforto — ou que me davam certa sensação de força ou poder — eu me vi claramente fraca.
Como eu mantenho a gratidão quando me sinto fraca e fora de controle?
Mary: Acho que as dificuldades justamente nos mostram que a gente nunca esteve no controle.
Controle é uma ilusão, e todas nós somos fracas.
Há algo purificador nisso. Há algo refinador nisso.
O apóstolo Paulo falou sobre isso quando comentou sobre tempos difíceis da vida dele. Ele disse:
“Sabe de uma coisa? Eu me alegro nas fraquezas.”
Isso não quer dizer que ele gostava das dificuldades, mas que ele podia dizer: “Sou grato por elas. Sou grato pelas fraquezas, pelas ofensas, pelas calamidades, pelas perseguições, pelas pressões.”
E ele explicou o motivo. Está em 2 Coríntios, capítulo 12, versículos 9 e 10: “Sou grato por tudo isso — todas essas coisas difíceis e horríveis — por causa de Cristo. Porque quando sou fraco, então é que sou forte.” (parafraseado)
Em outras palavras: “Quando eu não tenho capacidade de enfrentar esse desafio imenso, meu Salvador, meu Deus vai mostrar que Ele tem. Ele vai mostrar Sua força em mim, mesmo na pior das situações.”
E temos visto isso na vida de nossas amigas. Temos uma amiga, Kimberly Wagner, que já participou muitas vezes do Aviva Nossos Corações. Ela e LeRoy estão enfrentando uma situação de saúde extremamente difícil.
Dannah: Sim. Ele tem o que, na Escala de Dor de McGill, é considerada a condição mais dolorosa conhecida pelo ser humano. É uma dor crônica, constante, nos nervos — às vezes completamente incapacitante.
Mary: Uma dor excruciante
Dannah: O dia inteiro.
Mary: O tempo todo — o tempo todo.
Dannah: Você consegue imaginar assistir alguém que você ama passando por isso?
Mary: E Kimberly também enfrenta problemas de saúde enquanto tenta cuidar dele. É uma situação extremamente difícil.
E, mesmo assim, quando olho para essa mulher, penso: “Uau!” Ela me mostra a força de Cristo. É algo que simplesmente transborda dela. Ela mesma diria que se sente muito fraca, incapaz de enfrentar os desafios da sua vida e o que LeRoy está passando.
E, ainda assim, há nela uma dependência doce, linda e profunda em Deus — e uma força que vem dele, que a sustenta dia após dia, momento a momento.
Dannah: E essa gratidão dela transparece até nas mensagens. No nosso grupinho de amigas, trocamos mensagens, e ela escreve: “Sou tão grata porque os médicos continuam procurando uma solução.” (Eles ainda não encontraram. Já faz anos. Ainda não acharam um tratamento eficaz.) Mas ela diz: “Sou grata porque os médicos continuam firmes, ainda estão tentando.”
E eu penso: “Eu não sei se ainda estaria grata pelos médicos nessa altura.” Talvez eu estivesse olhando o copo meio vazio, mas ela continua enxergando o copo meio cheio em cada pequeno detalhe.
E sabe o que mais, Mary? Ela está sempre orando por nós. Quando trocamos mensagens, fico pensando: como você está orando por mim? Como você percebe meus probleminhas quando os seus são tão gigantescos? Além dos problemas de saúde, os dois não podem trabalhar. Ele não pode trabalhar de jeito nenhum, e ela trabalha bem pouco. E ela ora por mim! Isso é uma pessoa grata.
Mary: Isso é, de fato, uma pessoa grata. Temos o privilégio e a bênção de ver tantas amigas queridas passando por lutas difíceis — e, mesmo assim, nos ensinando a viver com gratidão.
Quando vejo a Kimberly, e até mesmo a Nancy, e outras amigas passando por batalhas, eu penso:
“Meus problemas são tão pequenos. . . e mesmo assim eu reclamo, enquanto elas não reclamam.”
É um lembrete tão bom — na verdade, um lembrete que nos afia. Deus nos deu a capacidade de escolher. De escolher a gratidão. E, no fim das contas, o que estamos escolhendo quando escolhemos a gratidão é. . . Ele. Estamos escolhendo ver o quanto Ele é grande — e ser gratas por isso.
Dannah: Sim. Esse tipo de gratidão vai muito além do que ouvimos ou celebramos no Dia de Ação de Graças. É mais profundo do que aquele momento de “vamos dar a volta na mesa e dizer algo pelo qual somos gratos”.
Mary: Dannah, como Nancy disse: “Gratidão é um estilo de vida. Um estilo de vida difícil, regado pela graça, fundamentado na Palavra.”
Dannah: Mary, me conta de um momento em que você teve que lutar muito para ser grata.
Mary: Eu precisei lutar muito para ser grata quando enfrentei uma daquelas situações em que as coisas vão de mal a pior. Foi um período de cerca de dois anos em que tudo parecia desabar.
Meu filho perdeu a audição, então me vi diante de uma nova realidade com um filho com necessidades especiais. Eu tive um aborto espontâneo de gêmeos. Perdi meus bebês. Meu outro filho teve que ser internado com uma infecção grave por estafilococos. Foi uma situação seríssima — poderíamos tê-lo perdido. O apêndice do meu marido estourou. Nossa igreja estava enfrentando uma crise, com conflitos internos. Também havia conflitos na família. E o negócio do meu marido praticamente faliu, então estávamos sob forte pressão financeira.
Não importava para onde eu olhasse — em todas as direções havia dificuldades e sofrimento.
Lembro-me de muitas manhãs em que eu me levantava e tudo parecia escuro. E não estou falando da escuridão do inverno, que no Canadá fica escuro até por volta das 10 da manhã. Estou falando de uma escuridão na alma. Um peso. Um escuro pesado.
Lembro-me de precisar, em alguns momentos, me retirar do ambiente da casa, da rotina da família, ir para um quarto e me ajoelhar. Clamar ao Senhor para intervir. Pedir graça. Pedir forças. Pedir a atitude certa para encarar mais um dia. E eu precisei fazer isso muitas vezes. Repetidamente.
Foi uma luta. Foi uma batalha. Não era algo do tipo: “Ah, vamos pensar em algo bem alegre. Olha, que flor bonita! Agora me sinto feliz.”
Não. . . foi a provação mais profunda, mais escura, mais dura e mais dolorosa que já enfrentei. E mesmo assim, eu consegui lutar por gratidão — e encontrá-la.
E não foi por causa de algo em mim. Foi somente por causa de Jesus, por causa do Seu poder, da Sua força.
E porque, por meio dele, eu podia ser grata em tudo, sempre.
Dannah: E como isso impactou a forma como você conseguiu viver durante aqueles dias tão difíceis?
Mary: Isso me permitiu simplesmente dar um passo de cada vez. Não posso dizer: “Ah, houve uma transformação incrível.” Foi uma luta. E uma luta difícil é assim mesmo — passo a passo, momento a momento, hora após hora, dia após dia.
Não foi como se, de repente, eu tivesse forças para enfrentar os meses seguintes. Foi mais assim: eu recebia a graça exatamente quando precisava dela.
É por isso que eu gosto tanto daquela frase da Nancy: “vida regada pela graça.”
É como se Deus tivesse colocado soro na minha veia, e quando eu precisava de força, Ele me dava.
Quando eu precisava de gratidão, Ele me dava.
Quando eu apertava o botão, Ele me injetava exatamente o que eu precisava. Mas foi uma luta. Uma luta extremamente difícil.
Então, se você está ouvindo hoje e consegue se identificar — se está passando por algo muito difícil, muito doloroso, e sente que as coisas estão indo de mal a pior, sem ver nenhuma luz no fim do túnel — eu quero te encorajar: olhe para Deus. Tire os olhos da grandeza do problema e coloque-os na grandeza de Deus. Seja grata no seu coração. Louve e adore a Ele pelo que Ele é — e Ele vai te dar força para o próximo passo.
Dannah: Mary, estou lembrando daquele versículo de Filipenses 4: “Não fiquem preocupados com coisa alguma. . .” Se a gente parar aí, vamos continuar ansiosas, porque ainda estaremos pensando no tamanho do problema. Mas o versículo continua: “mas, em tudo, sejam conhecidos diante de Deus os pedidos de vocês, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” (v. 6)
Mary: Isso sempre me chama a atenção. Nós nos aproximamos de Deus com oração e súplica — levamos nossos problemas a Ele —, mas esquecemos dessa pequena parte: “com ações de graças.”
A gratidão faz parte da súplica. A gratidão é parte do processo de levar todo esse peso e depositar aos pés da cruz.
Dannah: Mary Kassian vai orar daqui a pouquinho.
Mas antes, quero muito te encorajar com isso:
Você precisa encher sua mente com verdades sobre a gratidão.
Nos meus momentos escuros, eu acordo e penso: “Senhor, eu só queria enfiar a cabeça debaixo das cobertas e ficar na cama o dia inteiro.” Mas aí eu me arrasto até a minha Bíblia. Eu me arrasto até o livro cristão que estou lendo, aquele que vai me ajudar a “bombear” gratidão no meu coração. E, de alguma forma — quinze, vinte, trinta, quarenta e cinco minutos depois — eu me sinto com forças suficientes para dar mais um passo.
Talvez você esteja precisando dessa força agora. E deixa eu te dizer uma coisa: antes de abrir um livro, antes de acessar o Aviva Nossos Corações — corra para Deus. Corra para a Palavra dele. Mergulhe na verdade. E talvez você se surpreenda com o quanto Ele vai mudar a sua perspectiva.
Sabemos que, só porque dissemos que é possível ser grata em tempos difíceis, isso não significa que você já está transbordando de gratidão.
Mary, você pode orar por nossas queridas ouvintes que estão precisando de uma ajudinha com a gratidão hoje?
Mary: Pai Celestial, eu oro para que o Senhor toque agora o coração daquela mulher que está clamando silenciosamente: “Sou eu. Eu preciso de ajuda! Eu só reclamo. Estou ressentida com minhas circunstâncias. Nem sei como escolher a gratidão nesse momento tão difícil.”
Senhor, eu oro para que ela consiga levar seus pedidos até Ti. Que o Senhor ministre ao coração dela enquanto ela derrama sua dor e suas lutas diante de Ti. E que, em tudo — em sua circunstância —, com oração e súplica, ela consiga se apresentar diante do Senhor com gratidão. Não porque ela esteja grata pelas circunstâncias, mas porque ela é grata pelo Deus que é grande o suficiente para sustentá-la.
Pai, eu oro para que ela receba força para hoje. Força para dar mais um passo. Força para continuar. Para se apegar a Ti com esperança, com alegria. . . e com gratidão. Em nome de Jesus, amém.
Raquel: Você sabia que temos conteúdo do Aviva Nossos Corações em vários idiomas? Ao longo dos anos, muitas mulheres que ouviram os ensinamentos da Nancy pensaram: “Eu preciso traduzir isso para minhas amigas!” Hoje, temos equipes inteiras que produzem conteúdo em espanhol, alemão, farsi, italiano, japonês e outros mais! Veja a lista completa em ReviveOurHearts.com/international.
Os recursos do Aviva Nossos Corações estão disponíveis no nosso site, no nosso canal do Youtube, no Spotify, Instagram e divulgamos também no WhatsApp. Compartilhe esse conteúdo com as suas amigas e ore para que elas cresçam em sabedoria.
E se você gostaria de ver este ministério crescendo e alcançando ainda mais mulheres ao redor do Brasil e do mundo, ore conosco! Participe deste ministério através de intercessão pelas vidas que serão alcançadas, assim como a Mary foi tão abençoada através do programa de rádio da Elisabeth Elliot.
Também contamos com as nossas parceiras financeiras, uma vez que é este ministério é sustentado inteiramente por doações. Visite o nosso site para informações de como fazer a sua doação.
Amanhã ouviremos uma entrevista com uma mulher que tinha motivo suficiente para ser amarga, mas escolheu a gratidão! Ciara Dierking perdeu seus braços e pernas devido a uma infecção e precisou aprender uma forma totalmente nova de viver. Mas, por meio dessa perda inacreditável, ela aprendeu a ser grata como nunca havia sido.
Aguardamos você amanhã aqui, no Aviva Nossos Corações.
O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, sustentado por seus ouvintes e dedicado a chamar mulheres à liberdade, plenitude e abundância em Cristo.
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