
Dia 1: Susanna Wesley, uma heroína sem capa
Raquel: No século XVIII, Susanna Wesley escreveu algumas orientações sobre a criação de filhos:
Susanna Wesley: “As crianças devem estar na cama às 20h. Ensine a criança a orar assim que puder falar. Elogie e recompense o bom comportamento.”
Raquel: Hoje, vamos explorar a vida de uma mãe comum que foi usada por Deus de formas extraordinárias.
Este é Aviva Nossos Corações, com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Render-se completamente a Deus, na voz de Renata Santos.
Nancy DeMoss Wolgemuth: Hoje, quero fazer algo um pouco diferente — na verdade, muito diferente. Quero te convidar a entrar na nossa casa. Me acompanhe até o meu escritório.
A primeira coisa que você vai notar são as prateleiras cheias de livros por todos os lados, do chão ao teto — às vezes com dois ou três livros empilhados na mesma fileira. Sim, está um pouco bagunçado, então vamos fingir que …
Raquel: No século XVIII, Susanna Wesley escreveu algumas orientações sobre a criação de filhos:
Susanna Wesley: “As crianças devem estar na cama às 20h. Ensine a criança a orar assim que puder falar. Elogie e recompense o bom comportamento.”
Raquel: Hoje, vamos explorar a vida de uma mãe comum que foi usada por Deus de formas extraordinárias.
Este é Aviva Nossos Corações, com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Render-se completamente a Deus, na voz de Renata Santos.
Nancy DeMoss Wolgemuth: Hoje, quero fazer algo um pouco diferente — na verdade, muito diferente. Quero te convidar a entrar na nossa casa. Me acompanhe até o meu escritório.
A primeira coisa que você vai notar são as prateleiras cheias de livros por todos os lados, do chão ao teto — às vezes com dois ou três livros empilhados na mesma fileira. Sim, está um pouco bagunçado, então vamos fingir que você não reparou na bagunça.
Quero te mostrar essas prateleiras de livros porque elas te dão uma pequena ideia de quem eu sou, o que penso e o que está no meu coração. Aqui, por exemplo, tenho uma coleção preciosa de Bíblias que usei ao longo dos anos. Em outra prateleira, há meus diários desde a época do colégio. Também tenho uma estante só de hinários. Sim, eu coleciono hinários!
Mas olha só esta parte: são várias prateleiras dedicadas a biografias. Na verdade, elas estão espalhadas tanto aqui em casa quanto no meu escritório. Eu amo biografias! A primeira biografia que li, assim que aprendi a ler, foi sobre J. C. Penney. Depois, me lembro de ter lido a história de William Carey. Aquele livro mexeu muito comigo; ele moldou meu pensamento, meus valores, meu amor por Jesus e pelo mundo.
Ao longo dos anos, li muitas biografias. Tenho uma coleção sobre George Müller — vários exemplares. Recentemente, alguém me perguntou qual era o meu favorito e respondi: “Qualquer livro sobre George Müller é o meu favorito!” Eles são maravilhosos.
Aqui está outra, sobre Gladys Aylward, uma corajosa missionária britânica que serviu na China, conhecida como “a pequena mulher”. E tenho várias sobre Hudson Taylor, também missionário na China. Ah, e esta aqui, bem grandona; foi escrita por Elisabeth Elliot sobre a vida de Amy Carmichael, chama-se Um legado de renúncia e entrega, publicada pela editora Fiel. Há muitas outras nesta coleção e, embora eu não tenha lido todas, amaria ler cada uma delas.
Deu para perceber como eu amo essas biografias? E isso já faz anos! Até hoje, amo incentivar o povo de Deus a transmitir essas histórias às próximas gerações.
Agora, é claro que minhas biografias favoritas contém histórias de homens e mulheres que Deus usou para fazer coisas extraordinárias para o Seu reino. Mas percebi algo em comum entre essas pessoas. De muitas formas, elas eram, na verdade, bastante comuns. Muitas delas enfrentaram grandes limitações e a maioria teve de superar obstáculos significativos.
Mas, elas confiaram em um Deus extraordinário, que as usou de formas extraordinárias. Nessas páginas biográficas, aprendi que, no reino de Deus, os verdadeiros “gigantes” são pessoas humildes. Elas usam suas vidas para declarar: “Essa história não é sobre mim; é tudo sobre Jesus”.
Nestes quatro primeiros dias da semana que antecede o Dia das Mães, nosso tema aqui no Aviva Nossos Corações será: uma única mulher pode fazer a diferença. Ao longo dessa semana, vamos conhecer a história de algumas mulheres que foram poderosamente usadas por Deus para impactar vidas ao seu redor.
Minha oração é que essas biografias te inspirem a olhar para sua própria vida e se perguntar: “Como Deus poderia usar alguém comum como eu para fazer coisas extraordinárias para Sua glória?” E, já que o Dia das Mães está logo ali, no episódio de hoje vamos conhecer uma mulher incrível: Susanna Wesley, uma esposa e mãe extraordinária.
Pedi a duas integrantes da nossa equipe que nos ajudassem a contar essa história. Na voz de Raquel Anderson, vocês vão ouvir Dannah Gresh, nossa coapresentadora, que também é coautora, junto comigo, do livro Mentiras em que as garotas acreditam e autora do livro Mentiras em que as meninas acreditam. Também estará com a gente hoje a Erin Davis, coautora de Mentiras em que meninos acreditam e a épica busca pela verdade, publicado pela editora Vida Nova.
Começamos o episódio de hoje, ouvindo Dannah Gresh.
Raquel:Obrigada, Nancy. Estou muito empolgada com essa nova série! Eu também amo biografias! Minha biblioteca está cheia delas — algumas iguais às suas!
Como você mencionou, minha querida amiga Erin Davis está aqui com a gente no estúdio hoje. Seja bem-vinda, Erin!
Erin Davis:Obrigada! Acho que precisamos fazer uma troca de livros. Vocês poderiam ler algumas das minhas biografias e eu poderia ler algumas das suas. Não seria divertido?
Raquel:Amei a ideia! Melhor ainda, um clube de leitura em que nos reunimos para conversar sobre os livros.
Erin:Com direito a quitutes?
Raquel:Sim, quitutes muito bons! E você traz a pipoca, porque todo mundo sabe que a Dannah ama a pipoca da Erin!
E além de fazer uma pipoca maravilhosa, a Erin também nos ajudou a produzir nosso novo recurso — um livreto digital chamado Mulheres (In)comuns: Dez mulheres comuns que impactaram o seu mundo para Cristo. Inclusive, querida ouvinte, fique com a gente até o final do programa para saber como adquirir o seu exemplar!
Erin, você foi a autora do capítulo que conta um pouco da história de Susanna Wesley, um capítulo chamado Susanna Wesley:Uma Heroína sem Capa. Será que devemos tocar uma música de super-herói agora?
Erin:Acho que toda mulher precisa de uma música de super-herói tocando ao fundo em todos os momentos. Sim, vamos tocar a música!
Bem, eu tenho uma vontade nata de ser uma heroína. Quero salvar o dia, deter o vilão e resgatar pessoas em perigo.
Raquel:Isso é verdade. Eu estive na fazenda da Erin recentemente. Se eu puder acrescentar ao meu pedido de pipoca alguns dos seus cookies de chocolate, seria ótimo! Você organizou um jantar para 16 pessoas. Minha equipe do ministério True Girl estava lá de passagem. Foi incrível! Estava tudo impecável! Você foi uma anfitriã excepcional. E você fez tudo aquilo enquanto cuidava de uma fazenda cheia de meninos e, se não me engano, ainda acolheu um sobrinho e uma sobrinha que precisavam de um lugar para ficar no fim de semana. Foi algo excepcional, de verdade. Me lembro de um momento perto da fogueira em que vi você cuidando da sua sobrinha enquanto respondia ao seu filho. Pensei comigo: heroína. Não me surpreenderia se, hoje, você revelasse que, secretamente, também tem o poder de voar ou tem algum superpoder do qual ainda não sabemos!
Erin:Não. Vou te contar o segredo do que, realmente, estava acontecendo naquela fogueira: minha sobrinha conseguiu colocar marshmallow quente e pegajoso no cabelo e eu estava tentando descobrir como tirar aquilo! Foi uma tarefa que me levou alguns dias.
Na maioria dos dias, mal consigo encontrar dois sapatos do mesmo par, quem dirá uma capa de heroína ou a força e a energia para saltar prédios. Para falar a verdade, na maioria das vezes, as preocupações da vida fazem com que eu seja a pessoa que precisa ser resgatada, em vez de ser quem entra em cena para salvar os outros.
Raquel:Essa é a mais pura verdade, não é mesmo?
Erin:Mas isso não significa que eu tenha que desistir dos meus sonhos. Como estamos prestes a ouvir, acontece que ter uma capa ou saltar prédios não são pré-requisitos para ser uma heroína na vida real.
Raquel:Certo! E falando em heróis, antes de começarmos a falar sobre Susanna Wesley, precisamos apresentar dois outros heróis da fé. Sabe de quem estou falando?
Erin:Acho que sim: John e Charles Wesley. Eles foram poderosamente usados por Deus em um período da história chamado O Grande Despertar ou O Grande Avivamento, que varreu a Inglaterra e as colônias americanas nas décadas de 1730 e 1740.
Raquel:John e Charles eram rígidos quanto ao cuidado com os ritmos e hábitos de suas vidas; eles faziam tudo o que estava ao seu alcance para crescer em santidade pessoal. Eles defendiam a prática cuidadosa de certas disciplinas, as quais chamavam de “métodos”.
Erin:Isso mesmo. E, embora nunca tenham planejado formar uma denominação, hoje são considerados os principais fundadores do “Metodismo” e do movimento metodista.
Raquel:É um eufemismo dizer que os esforços de John e Charles Wesley impactaram milhões de vidas para Jesus.
Erin:Impactaram mesmo! Agora, precisamos ver a heroína por trás dessa história — e você vai amar. É a mãe deles!
Raquel:Ela não usava uma capa, mas Susanna Wesley é, com certeza, uma heroína.
Pouco tempo atrás, o pastor Mark Webb pesquisou sobre a vida dela e compartilhou suas descobertas com sua igreja na Inglaterra. Vamos ouvir trechos de sua apresentação ao longo do programa de hoje. Mark é casado com Katie e, juntos, eles têm duas filhas, Tilly e Edith.
Mark Webb:Há um ditado que diz que ter um filho te torna pai, ter dois filhos te torna um árbitro e ter mais de dois filhos te torna um controlador de multidões. Susanna Wesley teve dezenove filhos, não sei no que isso a torna, mas, de acordo com os padrões dos pais dela, a família Wesley era considerada um tanto pequena — os pais de Susanna tiveram vinte e cinco filhos! Como certo autor escreveu, os pais dela tiveram um quarto de uma centena de filhos. Susanna foi a vigésima quinta dessas vinte e cinco crianças, nascida no meio do século XVII, em 1669.
Erin:Ok, no meu mundinho, dar à luz dezenove ou vinte e cinco filhos já torna qualquer mãe uma heroína! Mas apenas dez dos bebês de Susanna viveram além dos dois anos de idade. Imagine a dor dessa mulher! Ser mãe no final dos anos 1600 significava que a alegria de ter filhos estaria, inevitavelmente, misturada com tristeza.
Raquel:Vamos voltar um pouquinho e falar sobre as origens de Susanna. Ela cresceu como filha de pastor, não foi?
Erin:Sim. Todas vocês, filhas de pastor, vão gostar desse fato. O nome do pai dela era Samuel Annesley. Ele era um homem piedoso e corajoso que sofreu muito por defender a Palavra de Deus. Seu compromisso com a pregação ia além dos sermões prescritos pela Igreja da Inglaterra; ele pregava todo o conselho de Deus. O pastor Mark Webb explica.
Mark:Naquela época, o Parlamento aprovou o que ficou conhecido como o Ato de Uniformidade. A lei ordenava que todos os cristãos se conformassem às formas de culto da Igreja da Inglaterra.
Havia motivos políticos e espirituais importantes pelos quais muitos cristãos sentiam que não podiam se conformar às práticas da Igreja da Inglaterra, ou seja, a igreja do Estado. Por conta disso, Samuel, junto com outros ministros não anglicanos, foi proibido de pregar. Mas ele e mais 2.000 pastores se recusaram a se conformar. Ao fazer isso, ele correu o risco de receber pesadas multas e, até mesmo, de ser preso e se tornar escravo.
As autoridades tentaram prender Samuel em diversas ocasiões; no entanto falharam repetidamente. Na verdade, em um desses casos, o oficial que estava assinando o mandado de prisão de Samuel caiu morto no momento da assinatura.
Raquel:Uau! Apesar da perseguição que o pai de Susanna enfrentou, Mark diz que ele era extremamente disciplinado.
Mark:Ele era um homem dedicado e trabalhador. Ele havia se comprometido a ler vinte capítulos da Bíblia todos os dias, desde os cinco anos de idade até o fim de sua vida.
Esse nível de devoção foi transmitido à sua vigésima quinta filha, Susanna. Desde criança, ela se comprometeu a nunca passar mais tempo em hobbies ou lazer do que estudando a Bíblia e orando.
Erin:Ou seja, nada de Facebook ou Instagram para Susanna! Confesso que sinto uma invejinha, porque ela não tinha todas as distrações que temos hoje, apitando e piscando diante dos nossos olhos.
Raquel:Nem me fale! Nada de redes sociais! Bem, acho que a rede social do século XVII poderia ter sido escrever cartas.
Erin:Pode ser, mas não acho que ela usasse emojis. Brincadeiras à parte, reservar todo esse tempo em seu dia para a Palavra de Deus estabeleceu padrões importantes na vida de Susanna. Porém, ela não se conformou aos pais em todos os aspectos.
Mark:Aos treze anos de idade, ela decidiu sair da igreja do pai e se juntar à Igreja da Inglaterra. Mas essa não foi uma escolha feita de modo leviano.
Erin:Ela, de fato, se dedicou a pesquisar as controvérsias entre a Igreja da Inglaterra e os seus dissidentes. Isso me lembra de um dos meus filhos que gosta muito de pesquisar. Susanna analisou os prós e contras de cada lado.
Mark:Ela escreveu uma grande história a respeito disso. Susanna leu o melhor que ambos os lados tinham a oferecer e avaliou seus argumentos. Isso tudo aos doze ou treze anos de idade, no máximo — ela, claramente, era uma criança muito brilhante!
Raquel:No mínimo, podemos dizer que sair da igreja do pai demonstrou uma certa atitude de independência e, digamos, até mesmo obstinação?
Erin:Eu acho que qualidades que denotam um caráter forte podem ser ferramentas maravilhosas nas mãos de Deus — pelo menos assim espero! Mas, sem o controle do Espírito Santo, elas podem se tornar tendências pecaminosas. De fato, houve momentos na vida de Susanna Wesley em que sua teimosia causou rupturas em seus relacionamentos.
Raquel:Aos dezenove anos, Susanna Annesley se casou com Samuel Wesley. O pastor Mark fez a seguinte observação em relação aos “Samueis” na vida de Susanna:
Mark:Em certa medida, foi uma pena que o pai de Susanna se chamasse Samuel, porque o marido dela também se chamava Samuel, assim como seu irmão e, mais tarde, seu filho mais velho. Como resultado, encontramos Samueis por toda a sua árvore genealógica, o que pode se tornar um pouco confuso.
Erin:Samuel Wesley, o marido de Susanna, revelou-se ser um homem difícil de conviver. Ele era um pregador, mas Mark aponta que. . .
Mark:Samuel, em muitos aspectos, era completamente inadequado para ser pastor. Ele entrou para o ministério, ao que parece, pelo senso de importância e status, usufruindo da posição de clérigo local, o que, de certa forma, fazia dele uma espécie de celebridade da cidade.
Samuel tinha várias qualidades excelentes — era um homem muito inteligente, brilhante de muitas maneiras, um homem honrado por sua esposa por conta de sua graça, intelecto e inteligência. No entanto, ele também era um homem com muitos problemas e dissabores — uma verdadeira colcha de retalhos.
Raquel:Os problemas do marido sempre acabam afetando sua esposa e filhos.
Erin:Com certeza. O marido de Susanna não gerenciava bem o dinheiro e suas dívidas, muitas vezes, o colocavam em apuros. Além disso, às vezes ele abandonava sua família e sua igreja por longos períodos. Eu não consigo imaginar ser mãe solteira de nove filhos!
Um famoso conflito entre Susanna e Samuel aconteceu por causa de uma discordância política. Mark Webb explica.
Mark:Certa noite, durante o jantar, Samuel fez uma oração antes da refeição, como de costume. Ele orou pelo rei da Inglaterra, Guilherme de Orange.
Talvez você saiba que, naquela época, havia uma desavença na família real, a monarquia. Havia uma disputa sobre quem era o legítimo rei da Inglaterra. Seria Guilherme de Orange ou Jaime II? Bem, Susanna, assim como muitas pessoas, apoiava Jaime. E Samuel, como muitas outras, apoiava Guilherme de Orange. Então, quando o marido dela orou pelo rei Guilherme, Susanna se recusou a dizer “amém” no final da oração.
Samuel respondeu dizendo: “Se a Inglaterra deve ter dois reis, então devemos ter duas camas”. Ele disse a Susanna que ela nunca mais o veria porque ela se recusou a dizer “amém” a uma oração pelo rei da Inglaterra. Num acesso de raiva, ele foi embora, lançando maldições sobre sua esposa e seus filhos. Eu disse que ele era uma verdadeira colcha de retalhos mas isso talvez seja um eufemismo.
Erin:Ele deixou a casa deles em Epworth e partiu para Londres. Veja isso. Ele ficou fora por cinco meses! Bem, na verdade, há algumas dúvidas sobre quanto tempo ele ficou fora. John Wesley, mais tarde, afirmou que ele se ausentou por um ano inteiro, mas os cálculos de algumas outras datas não batem, incluindo o nascimento do próprio John Wesley. De qualquer forma, Samuel ficou fora por um bom tempo.
Agora, ele, supostamente, tinha outras razões para se ausentar, mas isso certamente foi uma provação para Susanna. Eu me pergunto se ela, alguma vez, ficou deitada na cama, se culpando pelo que aconteceu.
Raquel:Pois é, tipo, “Se eu simplesmente tivesse dito ‘amém’ para aquela oração boba!” Mas ele estava, claramente, errado.
Erin:Bem, as coisas pioraram. Enquanto ele esteve ausente, Susanna ficou doente boa parte do tempo. A casa deles pegou fogo. Na verdade, a casa deles pegou fogo em duas ocasiões diferentes — alguns se perguntam se foi algo totalmente acidental. Seu filho, John, quase não conseguiu escapar com vida quando a segunda casa pegou fogo.
Mas, enquanto Samuel esteve ausente, Susanna fez duas coisas extraordinárias: primeiro, ela escreveu uma carta para o marido em que ela tanto o repreendia respeitosamente quanto demonstrava uma determinação serena.
Susanna Wesley:Sou mulher, mas também sou a senhora de uma grande família. E embora a responsabilidade principal pelas almas nela contidas recaia sobre você, ainda assim, na sua longa ausência, não posso deixar de ver cada alma que você deixou sob minha responsabilidade como um talento confiado a mim, uma incumbência que me foi atribuída.
Erin:Segundo (e de certa forma relacionado a esse primeiro ponto), o pregador substituto que assumiu o lugar de Samuel não estava à altura do cargo. Então, Susanna tomou sobre si a responsabilidade de realizar uma espécie de culto doméstico para seus filhos e para quem mais quisesse participar.
Susanna Wesley:Eu não sou homem e tampouco ministro, mas como mãe e senhora do meu lar, senti que deveria fazer mais do que já havia feito. Resolvi começar pelos meus próprios filhos.
Mark:Ela pegava um livro de sermões e lia um sermão para as pessoas que se reuniam em sua cozinha. Até 200 pessoas costumavam se reunir de uma vez. A cozinha ficava cheia de pessoas que não estavam satisfeitas em ir à igreja local, onde ouviam o pároco esbravejar e reclamar das dívidas de Samuel. Elas queriam ouvir sobre Jesus. Elas queriam ouvir o Evangelho e era isso que Susanna fazia em sua casa.
Raquel:Que incrível!
Erin:Provavelmente, uma das coisas pela qual Susanna é mais conhecida como mãe é pela maneira peculiar com que ela tinha seu tempo a sós com Deus. Não é difícil de imaginar que criar nove filhos, incluindo ensiná-los em casa, tornava a vida de Susanna muito atarefada. A Nancy nos mostra como essa mãe escolheu priorizar o seu tempo com Deus, apesar da sua numerosa família.
Nancy: Talvez você esteja pensando: “Bem, eu tenho três, quatro, seis ou oito filhos; não tem como ficar sozinha ou ter privacidade. Não tem um único lugar na minha casa que não esteja ocupado”. Eu penso na história que ouvi muitas vezes sobre Susanna Wesley, a mãe de Charles e John Wesley, que teve dezenove filhos — dez dos quais morreram quando eram pequenos. Ainda assim, ela tinha muitos filhos.
Dizem que ela orava duas horas por dia e que, quando não conseguia encontrar um lugar em que pudesse ter privacidade e silêncio, ela simplesmente levantava o avental sobre a cabeça. Ela fazia para si mesma um espaço onde podia ir e orar ao seu Pai. Se isso também for importante para nós, encontraremos um jeito. Encontraremos um lugar. Encontraremos um tempo para ficarmos sozinhas com nosso Pai celestial.
Raquel:Nossa heroína disfarçada, Susanna, tinha um tipo diferente de capa: seu avental! Eu sempre amei isso nela e, frequentemente, conto essa história para jovens mães! O que me impressiona é que ela não estava se escondendo sob seu avental para ter um tempo para si mesma, mas para orar por ela e por sua família. Essas orações geraram frutos na vida de seus filhos e se multiplicaram, alcançando milhões de pessoas.
Erin:E como geraram frutos! Dannah, tenho um avental que você me deu, porque você sabe que um dia quero ter meu próprio programa de culinária. Vou confessar que nem sempre o uso. Mas a história de Susanna me lembra de algumas verdades cruciais para educar meus filhos, que ainda estão em crescimento. Verdades como:
- A oração é o meu trabalho principal.
Meus filhos talvez não me vejam escondida debaixo de um avental, mas espero que eles te digam que me veem orando.
- Tenha tempo com o Senhor a qualquer custo, mesmo que precise “se esconder” na cozinha.
- Me ver servindo a Jesus com sinceridade e dedicação planta nos corações dos meus filhos a semente do serviço.
- Ser mãe é difícil, mas vale a pena.
Raquel:Todas nós podemos aprender alguma coisa com a abordagem dela. Conte para a gente sobre a lista de diretrizes para pais que Susanna criou.
Erin:Ok, faz anos que essa lista me fascina. Susanna operava a partir da premissa de que crianças se tornariam adultos capazes de disciplinar a si mesmos se, antes, fossem disciplinados pelos próprios pais. Com isso, ela criou uma lista de dezesseis regras para disciplinar seus próprios filhos.
Raquel:E você, nossa ouvinte, não precisa tentar anotar essas regras. Elas estarão disponíveis na transcrição do programa de hoje, que você poderá encontrar em nosso site avivanossoscoracoes.com. Aqui estão elas, apresentadas sem a interrupção de comentários.
Susanna Wesley:
- Não é permitido comer entre as refeições.
- Crianças devem estar na cama até as 20h.
- Crianças devem tomar remédio sem reclamar.
- Subjugue a obstinação. Isso, com a ajuda de Deus, pode salvar a alma da criança.
- Ensine a criança a orar assim que puder falar.
- Exija que todos fiquem em silêncio durante o culto doméstico.
- Não dê nada que peçam chorando, só o que pedirem educadamente.
- Para evitar mentiras, não castigue nenhum erro que a criança tenha confessado e pelo qual, em seguida, tenha se arrependido.
- Nunca permita que um ato pecaminoso passe impune.
- Nunca castigue uma criança duas vezes por um único erro.
- Elogie e recompense o bom comportamento.
- Qualquer tentativa de agradar, mesmo que mal executada, deve ser elogiada.
- Preserve os direitos de propriedade, mesmo nas menores coisas.
- Cumpra rigorosamente todas as promessas.
- Não exija que nenhuma filha trabalhe antes de saber ler bem.
- Ensine as crianças a temerem a vara.
Erin:Para ouvidos modernos, algumas das regras de disciplina de Susanna Wesley podem soar duras ou cruéis, talvez até para as pessoas de sua época. Escute a resposta dela.
Susanna Wesley:Quando a vontade de uma criança é totalmente subjugada e ela chega ao ponto de reverenciar e ter respeito pelos pais, muitas tolices infantis podem ser evitadas. Insisto em que se domine a vontade da criança desde cedo, porque essa é a única base forte e racional para uma educação religiosa. Quando isso é feito de forma completa, a criança é capaz de ser governada pela razão e pela piedade.
Erin:Nem todos nós vamos educar nossos filhos exatamente como Susanna fez. (Não tenho condições alguma de fazer todos os meus filhos ficarem sentados e quietinhos na igreja!) Mas podemos nos apoiar em seu exemplo, concordando com ela que a maternidade é um chamado nobre e sagrado e olhando para os nossos próprios lares como o lugar onde podemos ser heroínas ao apontar nossos filhos para Cristo.
Raquel:Isso é muito verdadeiro. E nosso amigo, o pastor Mark Webb, nos deixa um aviso importante em relação à vida de Susanna.
Mark:É evidente que todas essas coisas são ótimas, mas elas não fazem de você um cristão. Aqui está um dos perigos que enfrentamos ao olhar para alguém como Susanna Wesley. Existe o risco de julgarmos a fé de alguém pelas suas obras. E a Bíblia, claro, nos lembra de que boas árvores produzem bons frutos e que a verdadeira fé em Deus deve produzir frutos. O livro de Tiago nos lembra disso de forma muito poderosa, quando diz: “Olha, se você tem uma verdadeira fé salvífica, ela deve resultar em obras. Se você não tem obras, isso prova que você tem uma fé morta”.
Mas pessoas como Susanna Wesley — por serem tão fortes, talentosas e capacitadas — podem estar propensas a cair no perigo de querer conquistar sua salvação e o favor de Deus por meio das boas obras, de conquistar sua salvação sendo boas pessoas.
O seu filho, John Wesley, tinha uma grande preocupação de que sua mãe fosse culpada disso. Na verdade, ele suspeitava que ela não fosse uma verdadeira cristã até muito, muito mais tarde na vida, que ela não tivesse, realmente, entendido as grandes verdades do Evangelho até a velhice. Ela não parecia compreender plenamente algumas das verdades do Evangelho, como o fato de que somos salvos completamente pela graça, por meio da fé em Cristo, até estar mais velha; que não somos salvos pelas obras, não somos salvos conquistando a nossa salvação, mas pela fé em Cristo, que a conquistou por nós.
Há um misto de evidências contra e a favor disso na vida de Susanna quando lemos o que ela escreveu (que foi muita coisa). Às vezes, quando Susanna escrevia, parecia que ela acreditava estar tentando conquistar sua salvação, e às vezes parecia que ela entendia que só poderia ser salva pela graça de Deus e pela fé em Jesus.
No final, é realmente difícil afirmar com certeza. Só Deus sabe. Precisamos entender o Evangelho para sermos salvos — isso fica muito claro na Bíblia — e, ainda assim, também é importante dizer que não é a teologia perfeita que nos salva. Não é ter um conhecimento perfeito de tudo e ter tudo em seu devido lugar que nos permite ser salvos. De fato, muitas pessoas são salvas por uma fé simples no Salvador, Jesus. Certamente, na velhice, ela compreendeu de verdade o que significa ser salva pela fé de uma maneira que lhe deu uma certeza da sua fé que ela talvez não tivesse mais cedo na vida.
Raquel:Ela não era perfeita. Mas Deus usou Susanna Wesley poderosamente para moldar seus filhos. Acho que há algumas lições que todas as mães de hoje podem aprender com a Susanna Wesley, você não acha, Erin?
Erin:Com certeza.
Raquel:Mas acho que o que o pastor Mark Webb acabou de dizer é tão importante! O Evangelho é a chave para todos os aspectos da maternidade. . . todos os aspectos da criação de filhos. . . todos os aspectos da vida!
Erin:Isso mesmo. Nós, como mães, não podemos esquecer que Jesus cumpriu todos os itens da Sua lista de afazeres. Ele cumpriu toda a justiça por nós. . . e pelos nossos filhos. A última coisa que queremos é fazer com que as mães se sintam ainda mais sobrecarregadas!
Raquel:E a chave para isso é nos lembrarmos de criar nossos filhos na fé, caminhando no poder do Espírito e confiando na obra consumada de Jesus Cristo. Ele conquistou o favor de Deus por nós. Sim, ser mãe é desafiador, mas saber que nossa posição diante de Deus está segura em Cristo tira todo o peso dos nossos ombros. Nossa identidade não está, em última instância, nos nossos filhos ou na maneira como os educamos.
Ainda assim, Erin, isso não deve diminuir a importância e o valor da maternidade piedosa.
Erin:Sabe, eu me junto à Susanna para soar o alarme e chamar vocês, mães. Vocês também são heroínas extremamente necessárias. Nossa cultura está correndo o risco de perder de vista o valor da família e o papel crucial que apenas as mães podem desempenhar. Nossos filhos estão correndo o risco de carregar nossa raiva, frustração e amargura se não escolhermos vê-los como o que realmente são: bênçãos dadas por Deus. E nós, como mães, estamos correndo o risco de perder uma missão importante que o Senhor tem para nós — sermos mães.
Nancy: Obrigada, Erin e Dannah, por compartilharem esse belo retrato da vida de Susanna Wesley. Hoje, também ouvimos Mark Webb, pastor da Walsall Independent Evangelical Church, na Inglaterra.
Raquel:Também agradecemos a uma querida amiga do ministério, por ler as palavras de Susanna Wesley para nós.
Nancy: Isso me faz lembrar daquela passagem conhecida de Provérbios 31, que descreve a mulher virtuosa, a esposa excelente. Diz, começando no versículo 27: “Cuida do bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça”. E depois, no versículo 31: “Deem a ela o fruto das suas mãos, e que de público as suas obras a louve”.
Louvado seja Deus pelo exemplo de mulheres virtuosas como Susanna. Elas são um lembrete de que Deus pode usar todas nós para fazer uma grande diferença na vida das pessoas ao nosso redor.
Raquel:Que história incrível, não é mesmo?
Gostaríamos de terminar o episódio de hoje divulgando o livreto digital que mencionamos no começo deste episódio: Mulheres (In)comuns: Dez mulheres comuns que impactaram o seu mundo para Cristo.
Como todos os recursos que oferecemos, este livreto foi preparado com muito carinho e dedicação. Nele, você encontrará biografias inspiradoras de dez mulheres de Deus, acompanhadas de perguntas para reflexão que te ajudarão a extrair lições práticas e valiosas da vida dessas irmãs em Cristo, que, embora fossem pessoas comuns, serviam a um Deus extraordinário. E que tal convidar suas amigas e irmãs da igreja para, juntas, lerem e discutirem essas histórias edificantes?
Para adquirir o livreto digital, basta que você faça uma doação de qualquer valor ao Aviva Nossos Corações, acessando o link na transcrição deste episódio, que você pode encontrar no nosso site avivanossoscoracoes.com. Após realizar a sua doação, envie um email para contato@avivanossoscoracoes.com com o comprovante e informe que gostaria de receber o livreto “Mulheres (In)comuns: Dez mulheres comuns que impactaram o seu mundo para Cristo”.
Oramos para que este recurso te inspire a consagrar toda sua vida ao serviço do Senhor, até mesmo os momentos mais simples e cotidianos, tornando-se assim um instrumento pelo qual Ele poderá impactar e transformar muitas vidas
O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, chamando as mulheres à liberdade, à plenitude e à abundância em Cristo.
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