
Dia 01: Uma perspectiva bíblica sobre o envelhecimento (Salmo 92)
Nancy DeMoss Wolgemuth: Se sentimos medo de envelhecer, Susan Hunt nos encoraja a ajustar nossa perspectiva.
Susan Hunt: Pensamos no envelhecimento como um declínio, mas, do ponto de vista espiritual, ao envelhecer nós florescemos porque quanto mais crescemos, mais florescemos e isso vai seguindo um ciclo contínuo. Por isso devemos continuar crescendo na graça e no conhecimento de Jesus até nosso último suspiro. Assim, o florescimento mais bonito, o fruto mais belo, aparecerá no final de nossas vidas.
Raquel:Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Mulheres atraentes adornadas por Cristo, na voz de Renata Santos.
Nancy: Você já quis sentar e conversar com alguém mais velho e sábio que pudesse te encorajar, ajudar a tomar decisões e enxergar as coisas com mais clareza? Pois bem, temos a série perfeita para você! Que tal pegar uma xícara de café, ou, se você for como …
Nancy DeMoss Wolgemuth: Se sentimos medo de envelhecer, Susan Hunt nos encoraja a ajustar nossa perspectiva.
Susan Hunt: Pensamos no envelhecimento como um declínio, mas, do ponto de vista espiritual, ao envelhecer nós florescemos porque quanto mais crescemos, mais florescemos e isso vai seguindo um ciclo contínuo. Por isso devemos continuar crescendo na graça e no conhecimento de Jesus até nosso último suspiro. Assim, o florescimento mais bonito, o fruto mais belo, aparecerá no final de nossas vidas.
Raquel:Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Mulheres atraentes adornadas por Cristo, na voz de Renata Santos.
Nancy: Você já quis sentar e conversar com alguém mais velho e sábio que pudesse te encorajar, ajudar a tomar decisões e enxergar as coisas com mais clareza? Pois bem, temos a série perfeita para você! Que tal pegar uma xícara de café, ou, se você for como eu, de chá, e se juntar a nós aqui na mesa do Aviva Nossos Corações?
Hoje, Dannah Gresh, na voz de Raquel Anderson, está conversando com duas amigas queridas. Uma delas é uma mulher que conheço e amo há muitos anos e tenho certeza de que, ao final do programa de hoje, você também vai sentir que essas mulheres são suas amigas. Então, vamos ouvi-las.
Raquel:Hoje vamos conversar com duas mulheres que amo profundamente. Talvez você se lembre dela, ela já apareceu aqui no podcast do Aviva Nossos Corações e teve uma influência muito forte no movimento True Woman. Na verdade, Nancy DeMoss Wolgemuth já a chamou de “a avó do movimento True Woman”.
Ela também foi palestrante na nossa conferência Revive — não apenas palestrante, mas uma das mais queridas. Ela é autora dos livros A graça que vem do lar e Herdeiros da aliança, ambos publicados pela editora Cultura Cristã,e do livro infantil Samuca e seu Pastor, publicado pela editora Fiel.
Por favor, deem as boas-vindas a Susan Hunt. Olá, Susan!
Susan:Oi, Dannah! Estou tão feliz por estar aqui com você.
Raquel:Que prazer! Esperei a semana toda por esse encontro. Este será um momento precioso para mim. Vou ficar aqui na beiradinha da minha cadeira absorvendo toda essa sabedoria. Já estou muito empolgada!
Susan, nos conte sobre sua querida amiga Sharon. Apresente-a às ouvintes do Aviva Nossos Corações.
Susan:Vai ser um prazer! Não há nada que eu ame mais do que apresentar uma amiga do Evangelho a outra amiga do Evangelho.
Sharon e eu nos tornamos amigas há quase trinta anos. Eu era coordenadora do Ministério de Mulheres da Igreja Presbiteriana na América e Sharon entrou para o nosso comitê, selecionada para representar a região dela. Desde o início nossos corações se uniram no amor ao Senhor, à Sua Palavra, à Igreja e no desejo de equipar mulheres para viverem para a glória de Deus.
Depois passamos por momentos muito difíceis, que vamos comentar aqui. Foram tempos desafiadores, mas também doces, porque passamos por eles juntas, aprendendo uma com a outra. Essa amizade tem crescido ao longo desses anos. Eu amo Sharon do fundo do meu coração e tenho certeza de que vocês também vão amá-la.
Raquel: Bem, olá, Sharon. Eu já te amo!
Sharon Betters: Ah, obrigada, Dannah. Eu amo estar aqui. E Susan... é difícil descrever a amizade que temos, mas você mencionou que ela é “a avó do movimento True Woman” e eu fui uma das mulheres sortudas de estar lá no início, com Susan, quando ela escreveu Spiritual Mothering, The True Woman (ambos ainda não traduzidos para o português) e tantos outros livros que tiveram um impacto enorme na minha vida e, tenho certeza, na vida de muitas de suas ouvintes.
Raquel:Com certeza tiveram. Susan é um tesouro para nós. Ela é um presente. Tenho a sensação de que, no final do programa de hoje, você também será um tesouro para nós.
Vamos começar com esta pergunta: vocês escreveram juntas um livro chamado Aging with Grace (ou Envelhecendo com Graça, ainda não traduzido para o português). Esse título é contracultural. Por que você acha que a sociedade moderna idolatra a juventude?
Susan:Acho que, em parte, é por causa da mídia, dos comerciais, de tudo que consumimos. Eles glorificam a juventude e desvalorizam o envelhecimento. Mas acho que também é uma questão do nosso coração, por causa do nosso orgulho. Muitas vezes pensamos que somos melhores quando somos mais jovens. Isso acaba nos impedindo de ter um pensamento bíblico sobre o envelhecimento.
Raquel:É verdade. Somos constantemente bombardeadas por mensagens que exaltam a beleza jovial, a cor do cabelo e a ideia de que temos mais valor quando somos jovens. E começamos a acreditar nessas mensagens em vez de crer na mensagem da Palavra de Deus, que nos diz que envelhecer é um presente.
Sharon:E eu gostaria de acrescentar algo. Tenho refletido sobre isso desde que escrevemos o livro. Quando olhamos para os comerciais que retratam pessoas mais velhas, geralmente vemos idosos viçosos que estão escalando montanhas, remando em caiaques ou começando um negócio novo. Essas coisas são maravilhosas e espero, enquanto Deus me der força, poder continuar sendo muito ativa.
Mas sinto que isso cria uma narrativa falsa sobre o que significa envelhecer com graça. Porque há muitas pessoas que não vão conseguir fazer essas coisas. Elas têm limitações, mas, ainda assim, o Salmo 92 nos promete que vamos florescer. Vamos florescer quando estamos plantadas na casa do Senhor, mesmo com essas limitações.
Isso, definitivamente, vai de encontro com a lógica deste mundo. A definição de envelhecer com graça é muito diferente para quem conhece o Senhor e para quem não O conhece.
Raquel:Sim, e hoje vamos explorar essa definição diferente. Aliás, você pode abrir sua Bíblia no Salmo 92.
Enquanto fazem isso. . .Sharon, quando você começou a se interessar por esse tema?
Sharon:Foi lá no início dos meus vinte anos. Meu marido era pastor de uma igreja urbana na Filadélfia. Era uma igreja pequenininha, que estava “morrendo na videira”, por assim dizer. Mas nós chegamos achando que íamos mudar o mundo e trazer vida nova para aquele lugar.
Eu comecei a dar um estudo bíblico para mulheres, porque a esposa do pastor da igreja onde cresci sempre liderava um estudo bíblico. Então pensei: “Esse deve ser meu trabalho como esposa de pastor”.
Toda semana, cinco senhorinhas apareciam. Bom, para mim, elas eram idosas, mas talvez não tivessem tanta idade assim. Para mim, com vinte e poucos anos, pareciam idosas.
Elas se sentavam à mesa da minha sala de jantar e me deixavam ensiná-las. Até hoje penso em como foram incríveis e gentis ao deixar que uma jovem de vinte e poucos anos achasse que tinha algo para ensiná-las.
Raquel:Sim, eu tenho algumas amizades assim. Na época, eu achava que eu era incrível. Mas, olhando para trás, percebo como elas foram graciosas comigo.
Sharon:Extremamente graciosas. E isso fazia parte do plano de Deus.
Naquela mesma igreja, junto com essas mulheres que às vezes me traziam rosas ou lírios-do-vale porque sabiam que eram minhas flores favoritas, havia outras mulheres, poucas, mas que eram um tanto amargas e sarcásticas. Elas mandavam ali na igreja. Não havia espaço para ideias novas ou pessoas mais jovens. Se você tentasse mudar a cozinha ou algo assim, arranjava a maior confusão.
Parecia que elas tinham perdido de vista o que realmente era o Evangelho. E, naquela época, eu senti que estava diante de duas escolhas: eu podia me tornar uma dessas idosas amargas, que tiram o viço das pessoas, ou podia me tornar como aquelas mulheres graciosas, que viviam o Evangelho todos os dias, simplesmente porque amavam Jesus.
Raquel:Elas transmitiam vida.
Sharon: Sim, transmitiam vida para uma jovem esposa de pastor. E continuam fazendo isso até hoje, porque me influenciaram de tal forma que eu sabia que precisaria fazer escolhas sobre como envelhecer.
Raquel: Você tinha quantos anos?
Sharon:Eu tinha por volta de 22 ou 23 anos. Meu marido tinha apenas um ano de convertido, estava no seminário e pastoreando uma igreja. Então, imagine só…
Raquel: Uau! Parece a história do apóstolo Paulo!
Sharon:Foi muito desafiador. Um tempinho no deserto, assim como o apóstolo Paulo, teria feito bem para o meu marido.
Raquel: Me sinto inspirada por você ter recebido esse chamado tão cedo na sua vida. Comigo não foi assim. Na minha vida, esse chamado veio bem mais tarde.
Susan, me conta: quando você sentiu que tinha paixão o suficiente para escrever um livro sobre envelhecer com graça?
Susan:Bom, eu já tinha uma paixão pela ideia de mulheres mais velhas discipularem mulheres mais jovens, conforme Tito 2, desde o início dos anos 90, quando escrevi Spiritual Mothering, meu livro sobre maternidade espiritual. Mas, naquela época, eu não estava pensando tanto na velhice biológica. A ideia era mostrar que, independentemente da idade, sempre há alguém atrás de nós para quem podemos mostrar o caminho. Até uma mulher de 20 anos pode discipular adolescentes.
Em seguida, a Nancy me pediu para falar em uma conferência do movimento True Woman e conduzir um workshop sobre envelhecimento. Quando recebi o e-mail, me lembro de ter pensado: Bom, vou fazer o que a Nancy me pedir, mas ninguém vai aparecer nesse seminário. E fiquei chocada quando vi a sala lotada. . . e era uma sala grande. Havia mulheres de todas as idades. Eu nunca imaginei que esse assunto despertaria tanto interesse.
Na conferência seguinte, ela me pediu para fazer uma sessão plenária. E, novamente, aconteceu a mesma coisa. Mulheres de todas as idades responderam à mensagem de forma tão doce.
Raquel:Você está sendo modesta, Susan. Vou ser sincera: algo muito especial aconteceu naquele dia.
Susan (na conferência):Quanto mais cedo reconhecermos nossa total dependência dele, mais cedo experimentaremos o poder da Sua força em nós. Não é de se surpreender que eu ficava cansada antes, porque eu tentava demais agir com meu próprio esforço. Eu sabia que devia depender do Senhor e dizia que fazia isso, mas eu não conhecia o que era essa dependência na profundidade que conheço hoje.
Então, quero te encorajar: o mundo nos diz para desenvolver autoconfiança, mas a Bíblia nos ensina a não confiar na carne. Não precisamos de confiança em nós mesmas. O que precisamos é de confiança em Cristo. Não lute contra sua fraqueza, nem a negue. Deixe que ela te permita depender, tal qual uma criança, do nosso forte Salvador.
Eu amo a oração do hino “Ó, fronte ensanguentada”. Diz assim:
Faze-me Teu para sempre,
E se eu desfalecer,
Senhor, que eu nunca, jamais,
Viva além do meu amor por Ti.
Essa é minha oração. Mas meu consolo e confiança é que, mesmo que eu viva além do meu amor por Jesus, nunca viverei além do amor dele por mim.
Ele nos diz em Isaías 46:
Escutem. . . vocês que eu carrego desde o ventre materno e que levo nos braços desde o nascimento. . . Até a velhice de vocês eu serei o mesmo e ainda quando tiverem cabelos brancos eu os carregarei. Eu os fiz e eu os levarei;
eu os carregarei e os salvarei.” (vv. 3–4)
Qual é a sensação de ser uma senhora idosa? Me sinto como uma menininha cansada, muito dependente, mas muito feliz, sendo carregada nos braços do seu Pai. E ela chama as amigas dizendo: “Olhem como o meu Pai é bom e forte!” E ela sabe que, quando adormecer nos braços dele, vai acordar em casa.
Raquel:É difícil descrever como cada mulher naquela sala, independentemente da idade, saiu com um desejo renovado de se tornar uma senhora piedosa por causa do que você compartilhou. E suspeito que muitas de nós vamos sentir o mesmo ao final do episódio de hoje.
Susan, nos leve ao Salmo 92 e fale sobre o que a Sharon mencionou há pouco, sobre o que significa ser uma mulher que floresce. Este trecho do Salmo 92 não é exatamente um texto típico sobre envelhecimento, certo?
Susan:Os últimos versículos trazem uma promessa sobre o envelhecimento, mas o salmo como um todo culmina nessa promessa. Quando Sharon e eu começamos a conversar sobre escrever um livro sobre envelhecimento, ela também tinha sido convidada para falar sobre o tema em uma conferência. Nós começamos a orar e a refletir juntas, pensando: “Há tanto interesse nesse tema. O que isso nos diz? O que Deus está nos chamando a fazer?” Sabíamos que precisávamos ir mais afundo e perguntar: O que a Bíblia diz sobre envelhecer? O que significa pensar biblicamente e viver debaixo da nova aliança enquanto mulheres mais velhas?
E o primeiro lugar para onde fomos foi o Salmo 92, no qual o salmista diz ao final:
O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano. Plantados na Casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça. (vv. 12–15)
Ao ler, orar e refletir sobre esse texto, percebemos que precisávamos observar o salmo inteiro para entender o que nos leva ao florescimento na velhice. Essa é uma promessa extraordinária. Não é o que o mundo nos diz que acontece na velhice. Não é o que a maioria de nós espera. Mas o que leva a isso? Qual é o segredo por trás desse resultado?
Analisamos o salmo inteiro. Fizemos um mergulho profundo nele em nosso livro.
Raquel:Susan, estou muito curiosa em relação às palavras do texto. O que me chamou a atenção foi: “Na velhice ainda darão frutos, serão cheios de seiva e de verdor”. O que significa ser uma mulher piedosa, cheia de seiva e de verdor? O que isso quer dizer?
Susan:A seiva é o fluxo vital de uma árvore, os nutrientes que correm por ela. Jesus apresenta o mesmo conceito em João 12:
É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. Em verdade, em verdade lhes digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. (vv. 23–24).
Florescer significa prosperar, dar frutos. E aqui, Jesus está ensinando algo contraintuitivo, porque Ele diz que precisamos morrer para dar frutos. Claro, isso se refere, em primeiro lugar, à morte e glorificação dele, mas também nos dá o padrão para o crescimento e florescimento espiritual, ou seja, morremos para nós mesmas e vivemos para Cristo.
E isso é algo progressivo. É o nosso processo de santificação, a nossa transformação. É do que Pedro falava quando disse “cresçam na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3.18).
É um conceito tão lindo. E quanto mais pensamos nele, mais percebemos como ele contradiz o que o mundo nos ensina. Pensamos no envelhecimento como um declínio, mas, do ponto de vista espiritual, ao envelhecer nós florescemos porque quanto mais crescemos, mais florescemos e isso vai seguindo um ciclo contínuo. Por isso devemos continuar crescendo na graça e no conhecimento de Jesus até nosso último suspiro. Assim, o florescimento mais bonito, o fruto mais belo, aparecerá no final de nossas vidas. Não é incrível?
Raquel:Eu amo isso! E, Susan, o que me vem à mente agora, como alguém que acabou de se tornar avó, é que eu sempre achei que ser avó seria fácil. Porque, como mãe, você pratica morrer para si mesma todos os dias, o dia todo. A maternidade é um exercício diário de abrir mão do que você quer fazer. É algo gradual. No começo, nem parece tanto, mas aí vem o segundo filho, o terceiro e, de repente, você está se doando completamente.
Eu pensava: “Ser avó vai ser moleza!” Eu não tinha ideia de que o Senhor me diria: “Vamos aprofundar ainda mais esse morrer para si mesma, para que você possa servir esses netinhos, para que você continue servindo seus filhos como tem feito todos esses anos e, agora, suas noras e genros também”. É um processo lento e gradual.
Enquanto você falava, comecei a enxergar essa progressão do Senhor nos permitindo experimentar esse morrer para nós mesmas como mulheres. Sharon, o que você pensa sobre isso?
Sharon:Você está certíssima. Temos quatorze netos, um bisneto e uma bisnetinha a caminho. E, sim, isso exige morrer para si mesma. Mas os frutos que vêm desse morrer para si são incríveis.
Lembro de uma avó que faz questão de ter um dia com o neto, mesmo que, às vezes, tenha que lutar por esse dia. Ela está determinada a estar presente. E ela tem um dos espíritos mais amáveis e doces e um amor pela nora que eu nunca vi em nenhuma sogra. Existe uma parceria.
Mas eu amo o que a Susan escreve no livro sobre a palmeira e o cedro.
Raquel:Conte para nós.
Sharon:A palmeira cresce, cresce e cresce. Ela é muito alta, ereta e majestosa. Acho tão significativo que o Senhor tenha usado essa árvore para mostrar o que significa estar em um estado contínuo de crescimento e verdor. Quanto mais velha ela fica, mais doce se torna e mais abundante é o seu fruto. Então, quanto mais envelhecemos, mais doces deveríamos nos tornar.
Raquel:É isso que queremos, não é verdade? Não queremos nos tornar aquelas mulheres amargas e ranzinzas de que você falou antes. Queremos ser doces.
Sharon:Isso mesmo. E parece que essa passagem promete exatamente isso — Deus está dizendo que, quando estamos plantadas na casa do Senhor, florescemos.
As palmeiras têm folhas muito grandes que formam um dossel. Penso que, assim como no caso do cedro, isso nos mostra uma imagem de nós nos transformando em árvores que oferecem abrigo para gerações posteriores, para as pessoas que fazem parte do nosso mundo.
Todas as partes da palmeira são úteis — todas mesmo. A casca faz cordas e cestos. A madeira é usada para móveis. As bases das folhas e os talos dos frutos podem ser usados como combustível. Os frutos, as tâmaras, são deliciosos para várias receitas. Nada é desperdiçado. Assim como nada em nossas vidas é desperdiçado.
Acho tão importante que nos lembremos disso, seja aos vinte, quarenta ou oitenta anos. Com base nessa passagem, Deus está dizendo: “Tudo na sua vida tem um propósito e você pode confiar em Mim. Tudo vai dar frutos e nada será desperdiçado na Minha perspectiva eterna”.
Raquel:E que pensamento contracultural, não é mesmo? Numa cultura em que estamos sempre buscando descanso, tempo livre, o “meu tempo”, o autocuidado. Não estou dizendo que não é importante cuidar de si mesma para servir os outros, mas às vezes idolatramos esses pensamentos, quando, na verdade, o que precisamos mesmo é usar cada parte nossa para sermos frutíferas. Eu amo isso.
A frase “Elas estão plantadas na casa do Senhor” me fascina. O que isso significa?
Susan:Não é um pensamento incrível estarmos plantadas na casa do Senhor? Uma árvore não se planta sozinha. Nós somos soberanamente plantadas na história, no lugar exato onde nos encontramos neste planeta, na igreja local e na família que Deus ordenou para nós. Este é o lugar onde Ele quer que floresçamos, para que possamos ajudar os outros a florescer também.
Esse é um conceito realmente maravilhoso de se pensar. Estou exatamente onde Deus quer que eu esteja, passando pelas circunstâncias que Ele quer que eu viva, para que eu possa florescer e também ajudar outras a florescer.
Para tornar o livro bem prático e ver esses princípios sendo vividos, escolhemos algumas mulheres mais velhas nas Escrituras. Eu escrevia um capítulo sobre pensar de forma bíblica e, em seguida, Sharon acrescentava um capítulo sobre viver sob a aliança, explorando a vida de uma dessas mulheres. E, como uma mulher plantada na casa do Senhor, escolhemos Ana. A Sharon escreveu um capítulo maravilhoso sobre ela.
Raquel:Sharon, conte para nós sobre Ana.
Sharon:Eu amo como as Escrituras, o escritor da Palavra, nos diz: Ana era muito velha. Ela tinha pelo menos oitenta e quatro anos, talvez até cento e quatro. E, algo que precisamos lembrar ao ler o livro de Lucas, é que foi, provavelmente, Maria a fonte primária dele, porque havia tantos detalhes íntimos sobre o nascimento de Jesus que só Maria saberia como testemunha viva. E, para ela, foi importante falar sobre Ana.
Ana ficou viúva após sete anos de casamento. Não sabemos se ela teve filhos ou não, mas sabemos que ela acabou fazendo da casa do Senhor a sua casa. Ela se plantou na casa do Senhor como viúva. A Bíblia nos diz que ela jejuava e orava — ela adorava, jejuava e orava dia e noite.
Olhamos para isso como o ápice de sua vida — Ana se deu à casa do Senhor e ao povo de Deus. Começamos a imaginar como isso teria sido, porque adoração não é apenas estar na igreja no domingo de manhã, ao lado de outras pessoas. É como vivemos nossas vidas. A maneira como vivemos nossas vidas é uma forma de adoração.
Imaginamos Ana como aquela senhorinha na igreja que todo pastor gostaria de ter. A senhorinha que se aproxima de uma mãe com seu bebê chorando e, quem sabe, pega o bebê no colo e acalma-o. Ou que ajuda uma jovem esposa a superar sua frustração porque seu marido não a ama do jeito que ela gostaria de ser amada. Ou que ora pela liderança da igreja. Eu a imaginei orando fervorosamente, noite após noite, para que a graça de Deus caísse sobre a liderança.
O que sabemos é que, mais do que tudo, ela orava pela vinda do Messias. Ela aguardava com expectativa a vinda dele. Acho que isso a impulsionava em sua paixão pela Palavra de Deus, pelo povo de Deus, por viver biblicamente, sob a aliança, em um período tão assustador como aquele.
Sabemos que, no momento certo, ela estava no lugar certo, porque a Bíblia nos diz que quando Maria e José levaram Jesus ao templo, Simeão dirigiu palavras bem fortes a Maria — falou que uma espada atravessaria sua alma. Imagina você, com seu bebê nos braços — um bebezinho recém-nascido — segurando-o mais junto do seu peito e pensando: Senhor, isso não soa nada feliz.
Raquel:Pois é. A última coisa que você quer é um homem idoso se aproximando de você falando sobre uma espada atravessar a sua alma, né?
Sharon:E ainda assim, a Bíblia nos diz que naquele exato momento, Ana se aproximou. Ela estava ali, naquele momento. E que imagem linda do que significa ser uma ajudadora, de ser alguém que completa, de ser uma parceira no ministério com a liderança masculina da igreja, por assim dizer. Ela proclamou Jesus como o Messias. Que momento de alegria para Maria.
Imagino que ela tenha se lembrado das conversas com o anjo e pensado: “Essa é a outra peça do quebra-cabeça”. Acho que foi uma dessas coisas que ela guardou no coração. Mas foi importante para ela nos contar que foi exatamente no momento certo que Ana entrou na vida dela, confortando-a e encorajando-a.
Raquel:Uau! Estou percebendo duas coisas: Uma é que Deus precisa que sejamos mulheres dispostas a estar plantadas na casa do Senhor; e a outra é que Deus precisa de mulheres idosas e piedosas na igreja.
Na verdade, sinto esse desejo crescendo no meu coração. Eu não fiz nem metade das perguntas que queria! Vocês podem voltar amanhã para conversarmos mais?
Susan:Seria um prazer!
Sharon:Sim, seria mesmo!
Nancy: Uau! Que conversa deliciosa. Acabamos de ouvir três mulheres incríveis.
Susan e Sharon são autoras do livro, ainda sem publicação no Brasil, cujo título pode ser traduzido como Envelhecendo com Graça: Florescendo em uma Cultura Antienvelhecimento. Eu gostaria de aproveitar este momento para ler para vocês um depoimento que tive a honra de escrever para esse livro. Ouça o que eu disse:
Meu sonho de infância era, um dia, me tornar uma mulher idosa e piedosa. Naquela época, esse objetivo não parecia tão difícil. Agora, que estou na casa dos 60, às vezes parece que estou subindo o Monte Everest. Sempre alguns passos à minha frente, Susan Hunt tem me encorajado e inspirado a continuar minha jornada. Ela também tem sido uma avó espiritual para o ministério True Woman desde a sua fundação. Ela deu a todas nós uma visão de como florescer na velhice para a glória de Deus e para o bem do Seu povo.
Neste livro, Susan e Sharon Betters se uniram para oferecer perspectiva, sabedoria e esperança para mulheres de gerações posteriores. Elas nos chamam a manter nossos olhos em Cristo, o prêmio, e a perseverar até o topo, dependendo da Sua graça a cada passo do caminho.
Raquel: Esperamos que você se junte a nós novamente amanhã, quando ouviremos mais um pouco dessa conversa com Susan Hunt e Sharon Betters. Elas vão compartilhar conosco como Deus trabalha através do nosso luto e como Sua presença é luz até nos momentos mais escuros. Por favor, não perca, aqui no Aviva Nossos Corações.
O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, chamando as mulheres à liberdade, à plenitude e à abundância em Cristo.
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