Transformando garotos em guerreiros

Um artigo do The New York Times deixou meu coração de mãe abalado. O texto, escrito pelo colunista David Brooks, aponta como o sistema educacional norte-americano está falhando com os meninos, principalmente por drenar toda a sua testosterona. Brooks descreve a seguinte situação:

Por volta da terceira semana do maternal, a professora do Henry já estaria enviando bilhetes para casa dizendo que ele “teve mais um dia difícil hoje”. Ele fazia bagunça na roda de conversa. No meio do ano, começariam a surgir insinuações de que talvez os pais de Henry devessem considerar medicá-lo para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Muitos dos outros meninos já usavam e enfrentavam muito menos dificuldade na escola.

Brooks continua e prevê que, no ensino fundamental 1, Henry teria sorte se tivesse vinte minutos de recreio e seria imediatamente repreendido se ficasse agitado. No ensino fundamental 2, ele perderia o interesse pela escola. No ensino médio, ele recorreria a videogames violentos e músicas agressivas como uma alternativa para lidar com tanta repressão de seus comportamentos naturais. Na faculdade, ele já estaria à deriva.

Eu não tenho um Henry, mas tenho um Eli e um Noble, e esse não é o caminho que quero para eles. Sei que posso estar mexendo em um vespeiro aqui. Vespas são complicadas e não sou muito fã de debater políticas sociais, o sistema educacional ou se crianças devem ou não ser medicadas. O que mais me interessa é criar filhos felizes e saudáveis, dispostos e aptos a serem usados por Deus. Aposto que vocês, mães de meninos, querem a mesma coisa.

Posso sugerir uma solução simples? Vamos deixar que eles corram perigo. Vamos deixar que corram, pulem e briguem de lutinha. Vamos tomar a decisão de nos dispor a lidar com machucados e hematomas — quem sabe, até mesmo algum osso quebrado — para que nossos filhos possam se tornar homens que sabem usar bem sua força, energia e desejo de aventura. Vamos deixar que se sujem de lama, apanhem insetos e subam em árvores, porque acreditamos que Deus criou homens e mulheres de formas diferentes, e que essas tendências naturais de serem barulhentos e agitados podem estar lá de propósito.

Não sei você, mas eu quero criar meninos que sejam como o rei Davi. Quero que eles se tornem homens “segundo o coração de Deus” (1Sm 13.13–14).

Vamos dar uma olhada no livro do bebê de Davi. Davi era um menino pastor, o que significa que ele passava seus dias ao ar livre. Inclusive, no dia em que Samuel foi enviado para ungir Davi como rei, ele estava cuidando do rebanho sozinho, enquanto seus irmãos eram todos exibidos diante do profeta (1Sm 16.1–13). A Bíblia diz em 1 Samuel 17.33–37 que, enquanto cuidava das ovelhas, Davi enfrentou leões e ursos (ai, meu coração!). Obviamente, o momento de destaque de Davi aconteceu quando ele lutou contra Golias e o matou ao atirar uma única pedra lisa em sua testa.

Você acha que aquela foi a primeira vez que aquele garoto tinha conseguido permissão para lançar pedras? O que torna essa história tão incrível é que Davi era considerado jovem demais para lutar como soldado, ainda assim o rei permitiu que ele enfrentasse o gigante. (Pode apostar que a mãe de Davi não estava por perto para dar pitaco nessa decisão).

Em cada uma dessas ocasiões, Davi teve permissão para estar em perigo. Se ele nunca tivesse enfrentado um urso no aprisco, não teria tido a confiança ou a habilidade para enfrentar Golias. Sua mãe precisou deixá-lo ser um menino e, às vezes, ficar sem proteção. Sei que eram tempos diferentes, mas não adianta idealizar outras épocas e supor que as crianças não enfrentavam riscos. (Quando foi a última vez que o seu filho correu o risco de ser atacado por um leão?) Porém, é sábio entender que muitas das coisas que nossos filhos fazem, embora arriscadas, são um bom treinamento para se tornarem homens engajados nas batalhas do Reino.

Muito se fala sobre “pais helicóptero” — pais que ficam sempre em cima dos filhos e acabam prejudicando a sua capacidade de se virar sozinhos. Sabemos que precisamos dar espaço para as crianças explorarem um pouquinho e acho que a maioria das mães aqui não é assim. Minha única experiência vem de criar dois meninos loirinhos, mas meu palpite é que, quando se trata de criar meninos, o nosso helicóptero precisa “pairar” ao redor deles ainda menos.

Então, vamos liberar o trepa-trepa, os bolos de lama e os machucados. Em vez de puni-los por conta da sua testosterona, vamos concordar em deixar nossos meninos serem meninos, com o objetivo de criar homens guerreiros e não homens molengas.

Você tá comigo nessa, mãe? Vamos preparar nossos kits de primeiros socorros e pedir sabedoria para criar filhos que se envolvam com as batalhas do Reino e estejam prontos para lutar.

Clique aqui para ler o original em inglês.

Sobre o Autor

Erin Davis

Erin Davis é professora e autora com um compromisso fervoroso de conduzir mulheres à profunda fonte da Palavra de Deus. Ela já escreveu mais de uma dúzia de livros e estudos bíblicos, incluindo Mentiras em que os meninos acreditam e a épica busca pela verdade — o qual ela coescreveu com seu marido, Jason. Atualmente, Erin serve na equipe do Moody Publishers e tem o prazer de auxiliar outros autores a apontar seus leitores para Jesus. Ela também é uma presença constante no Aviva Nossos Corações — você pode ler seus artigos e ouvi-la ensinar em avivanossoscoracoes.com. Erin sente-se grata por ser esposa de Jason e a mãe orgulhosa de quatro meninos: Eli, Noble, Judah e Ezra.