Susannah Spurgeon: Uma esposa abnegada e dedicada ao ministério

Quando meu marido começou a buscar uma segunda oportunidade de trabalho no verão passado, nossa rotina e ritmo de vida foram sutilmente alterados; mas o suficiente para me lançar em um turbilhão de emoções. Como faço agora que terei menos tempo com ele? Como vencer os meus medos de que a vida profissional dele vá eclipsar a nossa vida familiar? Será sequer possível ter um bom casamento quando tenho menos controle sobre a agenda do meu marido do que gostaria?

Todas essas perguntas atormentaram meus pensamentos durante a maior parte do ano, à medida que eu percebia a profundidade do meu desejo de controlar meu marido e, pouco a pouco, aprendia a entregar a vida dele ao Senhor, assim como faço com a minha.

E, assim, veio a calhar que eu começasse a ler um relato sobre Susannah Spurgeon, a mulher carinhosamente conhecida como “esposinha” por Charles Haddon Spurgeon, o “príncipe dos pregadores”. Embora muito se saiba sobre Charles, pouco se conhece sobre sua fiel esposa, que foi a força silenciosa por trás de seu ministério bem-sucedido.

O começo de tudo

Susannah nasceu em Londres, Inglaterra, em 1832. Seus pais eram crentes comprometidos e a criaram em um lar piedoso e disciplinado. Susannah frequentava a New Park Street Chapel, em Londres, onde descrevia o pastor como “um pregador excêntrico e austero, mas bem versado na bendita arte de conduzir almas a Cristo”. Foi sob esse tipo de instrução semanal que Susannah cresceu e se tornou uma jovem de tremenda virtude e integridade.

E foi durante a pregação da Palavra de Deus, em um domingo, que a Susannah adolescente tomou consciência de sua própria necessidade de uma fé pessoal no Senhor. “Daquele culto”, ela comentou mais tarde, “data o amanhecer da verdadeira luz em minha alma. O Senhor me disse, por meio de Seu servo: ‘Dá-me o teu coração’ e, constrangida por Seu amor, aquela noite testemunhou minha solene decisão de me entregar inteiramente a Ele”. Esse espírito de rendição viria a caracterizar toda a vida de Susannah dali em diante.

Conhecendo Charles Spurgeon

Em 1853, aos vinte e um anos, Susannah encontrou Charles pela primeira vez. Na época, Charles era apenas um simples pregador do interior, ainda pouco conhecido. Susannah admitiu que, à primeira vista, achou seu futuro marido desajeitado, com “cabelos longos e mal cortados”. E, no entanto, aos poucos, os dois começaram a formar uma amizade marcada por conversas espirituais longas e intensas.

Embora Susannah se considerasse menos madura espiritualmente do que Charles, ela possuía um discernimento espiritual notável e sua natureza perspicaz tornou-se um refúgio para os pensamentos dele. Após Charles finalmente pedi-la em casamento, em 1854, Susannah comentou: “Se eu soubesse naquela época o quão bom ele era e quão grande ele se tornaria, teria me sentido sobrecarregada — não tanto pela felicidade de ser dele, mas pela responsabilidade que tal posição me acarretaria”. Mas Deus, que tudo vê, vinha lentamente trabalhando com Sua graça na vida e no coração de Susannah, preparando-a para uma vida de serviço silencioso ao lado de um dos homens mais conhecidos da história.

Vida ministerial

Não demorou muito para que Charles se tornasse o maior pregador da Inglaterra de sua época, graças a um estilo de pregação sincero, dinâmico e amplamente cativante. Ele era constantemente requisitado; pregava várias vezes aos domingos e passava os dias de semana escrevendo e preparando sermões. Em meio a tamanha agitação, seria natural que uma esposa recém-casada ficasse irritada com o estado de distração de seu marido. De fato, Susannah escreveu sobre uma ocasião dessas ao confidenciar à sua mãe sua solidão e raiva.

“Ela sabiamente argumentou”, disse Susannah, “que o esposo que eu havia escolhido não era um homem comum, que toda a sua vida era absolutamente dedicada a Deus e ao seu serviço, e que eu jamais, jamais deveria impedi-lo tentando colocar-me em primeiro lugar em seu coração”.

E assim, Susannah atendeu ao conselho de sua mãe e começou a investir seu tempo ministrando ao lado do marido. Enquanto Charles passava horas em seu escritório escrevendo e dias e noites pregando, Susannah fez de sua meta cuidar de seus dois filhos pequenos e dos necessitados em sua comunidade. Uma de suas paixões em particular se tornou um projeto chamado Book Fund (em tradução livre, O fundo dos livros), que fornecia recursos escritos para pastores que, de outra forma, não poderiam adquiri-los. Afinal, Susannah ponderava: “O que seus ministérios se tornarão se suas mentes estiverem famintas?”

Durante os anos de seu dedicado ministério, Susannah enviou livros e ricos recursos teológicos a mais de 25.000 pastores, permitindo que a semente do Evangelho fosse semeada com maior profundidade em todo o mundo.

Os últimos anos

Embora a saúde de Susannah tenha sido frágil durante a maior parte de sua vida, foi na velhice que a enfermidade passou a afligir seu corpo de maneira constante, causando-lhe desconforto diário. Enquanto muitos se permitiriam descanso e tempo para se recuperar, ela prosseguiu com o trabalho do Book Fund com maior determinação. Seu marido a elogiou com estas palavras: “Que todo crente aceite esta conclusão como um aprendizado extraído da experiência: para a maioria das enfermidades humanas, o melhor alívio e antídoto serão encontrados no trabalho abnegado por Jesus Cristo”.

E até o fim de sua vida, Susannah Spurgeon trabalhou incansavelmente pelo avanço do Evangelho. Mesmo após o falecimento de Charles em 1892, ela permaneceu comprometida com o serviço do Reino, dedicando quase doze anos de viuvez ao serviço fiel. Em 1903, sua saúde enfraqueceu consideravelmente e ela faleceu em paz, exclamando em seu leito de morte: “Bendito Jesus! Bendito Jesus! Eu posso ver o Rei em Sua glória!” E posso imaginar que tenha sido recebida por seu Salvador com as palavras: “Muito bem, serva boa e fiel. Entra no gozo do teu Senhor”.

Como o exemplo de Susannah, com sua vida de serviço silencioso, encoraja você? Há alguma área em que Deus esteja chamando você a abrir mão dos seus próprios desejos e vontades para colocá-Lo em primeiro lugar?

Clique aqui para ler o original em inglês.

Sobre o Autor

Maryanne Helms

Maryanne Helms é apaixonada por encorajar mulheres e ama servir nos bairros e escolas públicas dos subúrbios de Atlanta. Escrever para o Revive Our Hearts é uma grande alegria para ela, pois passou anos preparando refeições para sua família enquanto era “alimentada” pelos podcasts da Nancy. Ela e seu marido, Pat, têm quatro filhos.