Como é possível que vivamos em uma cultura na qual o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a redefinição de gênero, o transgenderismo e a homossexualidade sejam alguns dos temas mais discutidos — mas prestamos culto em igrejas em que esses assuntos quase nunca são abordados? E vivemos em lares onde não estamos conversando com nossos filhos sobre isso?
George Barna, fundador do The Barna Group, afirma que hoje a maioria dos pré-adolescentes acredita que a Bíblia não condena a homossexualidade.1 Isso não me surpreende. O currículo de educação sexual de Ontário, no Canadá, ensina que existem seis gêneros (masculino, feminino, transgênero, transexual, dois-espíritos e intersexo).2 Talvez você já tenha ouvido falar do folheto de treinamento usado por professores em uma escola de ensino fundamental em Lincoln, Nebraska, que incentiva os docentes a não chamarem os alunos de meninos ou meninas. Em vez disso, são encorajados a usar termos como “campistas”, “atletas” ou “pinguins roxos”. O folheto diz: “Quando for necessário fazer referência ao gênero, diga ‘menino, menina, ambos ou nenhum’. Quando perguntarem o motivo, aproveite o momento para ensinar. Enfatize aos alunos que sua sala de aula reconhece e celebra a diversidade de gênero de todos os estudantes”.3
Mesmo que seus filhos — assim como os meus — não estejam na escola pública, eles estão crescendo em um mundo rodeado por crianças que estão.
Construindo uma base teológica para os nossos filhos
Se crianças podem ser expostas a mentiras, elas já têm idade suficiente para serem expostas à verdade. Barna também afirma que o que uma criança acredita até os quatorze anos geralmente é o que ela continuará acreditando para o resto da vida. Será que alguns de nós estamos esperando tanto para apresentar aos nossos filhos a bela verdade de Deus sobre o gênero que acabamos dando brecha para que o mundo plante mentiras?
Tenho sentido um peso tão grande em meu coração por isso, ao perceber o quanto o debate cultural revela o nosso foco em nós mesmos. A revolução de gênero é prova de que negligenciamos nosso relacionamento vertical, a adoração a Deus, e cedemos a uma adoração horizontal à humanidade. E acredito que nossos filhos estejam mais vulneráveis do que qualquer outra pessoa neste momento. Enquanto alguns pais tentam blindar seus filhos, a verdade é que, um dia, eles crescerão e serão lançados nessa discussão. Será que eles terão uma base teológica para participar? Se não tiverem, creio que isso poderia destruir não apenas a sua teologia da sexualidade, mas também a sua fé em Deus como um todo.
Um ato rebelde de recusa
Tenho os dedos indicadores tortos como os da minha avó Barker e os olhos azul-esverdeados como os do meu pai. Sei de onde venho. Eu pareço com eles. Quando Deus criou a masculinidade e a feminilidade, Ele estava criando algo que refletisse a Sua imagem (Gn 1.27). Ele queria que a humanidade entendesse a quem pertencemos, por isso plantou uma “selfie” de Si mesmo em nós. (Falaremos mais sobre isso no artigo de amanhã.)
O livro de Romanos nos ensina que desconsiderar as definições de Deus para a masculinidade e a feminilidade é um ato de rebeldia pelo qual recusamos glorificá-Lo e uma tentativa de esconder quem Ele é e a quem pertencemos. O pastor John Piper expressa isso da seguinte forma:
A natureza divina de Deus é revelada no universo físico, material. Tanto que o versículo 20 diz: “Por isso, os seres humanos são indesculpáveis” quando eles “trocam a glória de Deus pela glória da criatura” (Rm 1.20, 23).4
Abraçar a homossexualidade e apagar a distinção de gêneros são atos de rebeldia pelos quais recusamos glorificar a Deus.
Nossa cultura está buscando redefinir o que é ser homem e mulher, criando nosso próprio conceito de gênero. Até recentemente, o Facebook oferecia mais de cinquenta opções de gênero na categoria “outros”.
Como abordar o assunto?
Embora alguns líderes conservadores sejam chamados para o diálogo político e outros para ensinar teologia da sexualidade aos adultos, a minha maior preocupação são as nossas crianças. Essa é uma questão difícil até mesmo para os mais instruídos e maduros entre nós. Quanto mais desafiador será para nossos filhos que estão crescendo nesse contexto cultural tão singular, no qual a preferência de gênero será a norma?
A cultura em geral aprova o casamento gay (quase 60% dos americanos apoiam o casamento homoafetivo5), a homossexualidade, o transgenderismo, as cirurgias de redesignação sexual e muito mais, à medida que a reforma de gênero ganha espaço e termos como “minoria de gênero” ganham popularidade. Será que a fé dos nossos filhos terá conseguido sobreviver a tudo isso daqui a dez anos?
Será que eles ainda estarão adorando a Deus? Ou acabarão sucumbindo à adoração do eu?
A igreja não está preparando materiais adequadamente para que pais cristãos e seus filhos sejam ensinados a conhecer a verdade sobre a sexualidade e o gênero. Será que estamos deixando escapar a maior estratégia de todas para vencer essa batalha?
Amanhã, vou compartilhar três verdades que as crianças precisam conhecer sobre seus corpos para que a verdade moral sobreviva e para que a fé delas resista à revolução de gênero.
Clique aqui para ler o original em inglês.
1 BARNA, George. Transforming children into spiritual champions: Why children should be your church's #1 priority. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2003. 2 HUFFINGTON POST CANADA. Ontario sex-ed curriculum. Huffington Post, 25 fev. 2015. Disponível em: http://www.huffingtonpost.ca/2015/02/25/ontario-sex-ed-curriculum_n_6754696.html 3 WRIGHT, Tim. The new utopia: A genderless society. Patheos, 15 out. 2014. Disponível em: https://www.patheos.com/blogs/searchingfortomsawyer/2014/10/the-new-utopia-a-genderless-society/ 4 PIPER, John. Genitalia are not destiny, but are they design? Desiring God, 02 jun. 2014. Disponível em: http://www.desiringgod.org/blog/posts/genitalia-are-not-destiny-but-are-they-design. 5 COHEN, John. Gay marriage support hits new high in Post-ABC poll. The Washington Post, 18 mar. 2013. Disponível em: http://www.washingtonpost.com/blogs/the-fix/wp/2013/03/18/gay-marriage-support-hits-new-high-in-post-abc-poll/