Não dá para embalar seu menino com plástico bolha – e isso é bom!

Nossa família tem um lema: “Os cinco unidos para manter ele vivo.” Ezra é a razão desse lema existir. O caçula de quatro irmãos, Ezra nasceu sem um detector de risco. Ele não tinha nem dois anos na primeira vez que fugiu de casa. Nós o encontramos no terreno doum vizinho, andando em sua motocicleta de plástico vermelha. Ele não tinha nenhum arranhão, mas, como mãe, tenho quase certeza de que aquele dia me tirou alguns anos de vida.

“Os cinco unidos para manter ele vivo” é a nossa maneira de dizer que “precisamos ficar de olho naquele ali”. Se tem uma árvore, ele quer escalar. Se tem uma pedra, ele quer arremessar. Se tem alguma aventura para viver, ele quer vivê-la. Ezra é a própria personificação da infância masculina.

Nem todos os nossos filhos sentem essa atração pelo perigo (obrigada, Jesus!), mas oro para que todos eles percebam que seus corações foram feitos para ansiar por uma grande aventura: seguir a Jesus. Acredito que existe algo dentro de todo homem e, portanto, algo dentro de todo menino, que anseia deixar para trás uma vida centrada em si mesmo para entregar-se a algo maior. Um dos maiores desafios de ser mãe de meninos é resistir à tentação de envolver meus filhos com um plástico bolha permanente e, em vez disso, aceitar a verdade difícil de engolir: meus filhos foram feitos para mais do que estarem seguros.

Considere João Batista. Ele certamente teria deixado a sua mãe com alguns fios de cabelo branco se ela já não tivesse tantos quando ele nasceu (Lucas 1.7). Repare em suas palavras em João 3:

“Convém que ele cresça e que eu diminua.”

Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra. Quem veio do céu está acima de todos e dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem, porém, aceita o testemunho que ele dá certifica que Deus é verdadeiro. Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus não dá o Espírito por medida. O Pai ama o Filho e entregou todas as coisas nas mãos dele. Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus. (vv. 30–36)

João não viveu uma vida segura. Ele viu o Salvador e escolheu segui-Lo, custasse o que custasse. Não sabemos se seus pais idosos viveram para ver o filho que tanto desejaram entregar a vida por Cristo, mas, se viveram, certamente sentiram o medo e a tristeza de vê-lo sofrer, misturados com a alegria de saber que seu menino havia escolhido a melhor parte.

“Quem foi que falou de segurança?” 

Deus programou você para cuidar do seu filho, buscando protegê-lo do perigo, e Ele a chamou para ensinar a seu filho que viver para Jesus terá um custo. É importante ensiná-lo a não correr em direção à rua, a não brincar com objetos cortantes (ou a não pilotar a motocicleta vermelha rápido demais). Mas também precisamos ensinar aos nossos filhos que, independente do custo, eles devem seguir Jesus — porque Ele é digno.

É isso que João quis dizer quando afirmou: “Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra. Quem veio do céu está acima de todos.” (João 3.31)

A própria existência do seu filho foi planejada para proclamar quem Jesus é. Repito: ele foi feito para algo maior do que estar seguro.

É isso que o apóstolo Paulo (outro garoto que provavelmente deixou a sua mãe com alguns cabelos brancos) descreveu em Colossenses 3:

Portanto, se vocês foram ressuscitados juntamente com Cristo, busquem as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensem nas coisas lá do alto, e não nas que são aqui da terra. Porque vocês morreram, e a vida de vocês está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a vida de vocês, se manifestar, então vocês também serão manifestados com ele, em glória. (vv. 1-4)

A morte é um risco, e ainda assim foi assim que Paulo descreveu a vida cristã. Por causa da graça, seu filho não precisa enfrentar a penalidade da morte pelo pecado dele. Em vez disso, a Palavra de Deus o chama a morrer diariamente, renunciando aos seus próprios direitos e desejos para abraçar a vida que Deus tem para ele. Deus também chama você a morrer para o seu sonho de que seu filho tenha uma vida segura e fácil, e a se render totalmente aos planos de Deus para a vida dele, sejam quais forem.

Quero que meus filhos estejam seguros? Claro que sim. Mas abraçar a verdade de Deus — e ajudá-los a fazer o mesmo — significa incentivá-los a obedecer, mesmo quando isso tiver um custo. Eles não vão fazer isso naturalmente. A obediência radical deve ser aprendida.

Você está entre aqueles que Deus designou para ensinar ao seu filho como viver uma vida rendida a Ele. Será que além de lambuzá-lo de protetor solar no calor do verão e dar vitaminas durante a época das gripes e resfriados, você está incentivando seu filho a obedecer a Jesus mesmo quando isso exige assumir riscos? Será que ele entende que o que C. S. Lewis escreveu sobre Aslan também é verdade a respeito do Salvador dele?

— Aslan é um leão. . . o Leão, o grande Leão!

— Ah! — exclamou Susana. — Estava achando que era um homem. E ele. . . é seguro? Vou ficar um pouco nervosa se encontrar um leão.

— Seguro? — disse o Sr. Castor. — Quem foi que disse que ele era seguro? Claro que ele não é seguro. Mas eu lhe digo: Ele é bom. Ele é o Rei.”¹

Às vezes, assumir riscos a fim de obedecer significa superar a vergonha e convidar o novo colega da escola para o grupo de jovens. Às vezes, significa perder os treinos de domingo sabendo que isso lhe custará tempo de jogo. Às vezes, significa admitir o seu pecado de uma forma que é constrangedora. Mas não podemos esperar que nossos meninos paguem o preço de seguir a Cristo em uma cultura cada vez mais hostil a Jesus se eles não têm praticado isso hoje.

Ensine-o a pagar o preço

Fico me perguntando: você, sem perceber, já comunicou aos seus filhos que a vida cristã se resume a ir à igreja aos domingos e ler alguns versículos da Bíblia antes de dormir? Porque a Bíblia deixa claro que a vida cristã é um chamado à morte. Será que você deixou que seus próprios medos pelo bem-estar do seu filho a impedissem de assumir riscos para avançar o Reino?

Não existe plástico bolha suficiente para proteger seu menino de todos os dardos que o inimigo vai lançar contra ele. Embora seja verdade que a vida cristã não seja isenta de riscos, não há causa mais valiosa pela qual seu filho possa entregar a vida do que a causa de Cristo. Ele vai pagar um preço. Você vai pagar um preço. Jesus vale a pena. Será que seu filho sabe disso?

Da próxima vez que seus instintos protetores a fizerem querer empurrar seu filho para o caminho mais fácil, corra para a Palavra de Deus. Abra Mateus 25 e imagine o momento em que seu filho estiver frente a frente com Jesus.

Imagine o menino que você tanto ama diante do Senhor, prestando contas da vida que viveu. Uma vida vivida em prol de segurança e conforto será consumida. Mas cada risco que ele tiver assumido em nome de Jesus — cada momento em que viveu por algo maior do que o próprio conforto — será colocado sobre sua cabeça como uma coroa incorruptível (1 Co 9.24–25).

Você não vai desejar tê-lo mantido protegido por plástico bolha ou que ele nunca tivesse corrido riscos para tornar conhecido o nome de Jesus. Seu coração vai se encher de gratidão por cada passo dado em obediência ao ouvir seu Salvador pronunciar essas palavras sobre seu filho.

Muito bem, servo bom e fiel; você foi fiel no pouco, sobre o muito o colocarei; venha participar da alegria do seu senhor. (Mateus 25.23)

Clique aqui para ler o original em inglês.

Este artigo é baseado no livro mais recente de Erin, Mentiras em que os meninos acreditam e a épica busca pela verdade, escrito em parceria com o seu marido, Jason. Adquira o livro para o menino da sua vida, junto com O guia dos pais e aprendam a defender a verdade juntos. Acesse o link e saiba como adquirir o seu exemplar!

1 C. S. Lewis, As crônicas de Nárnia: O leão, a feiticeira e o guarda-roupa (New York: Scholastic Inc., 1978), 79–80. Tradução livre.

Sobre o Autor

Erin Davis

Erin Davis é professora e autora com um compromisso fervoroso de conduzir mulheres à profunda fonte da Palavra de Deus. Ela já escreveu mais de uma dúzia de livros e estudos bíblicos, incluindo Mentiras em que os meninos acreditam e a épica busca pela verdade — o qual ela coescreveu com seu marido, Jason. Atualmente, Erin serve na equipe do Moody Publishers e tem o prazer de auxiliar outros autores a apontar seus leitores para Jesus. Ela também é uma presença constante no Aviva Nossos Corações — você pode ler seus artigos e ouvi-la ensinar em avivanossoscoracoes.com. Erin sente-se grata por ser esposa de Jason e a mãe orgulhosa de quatro meninos: Eli, Noble, Judah e Ezra.