Uma querida amiga minha trabalhou em um banco no exterior por cerca de um ano, lidando com grandes quantias de dinheiro. Durante o seu treinamento, ela teve que estudar várias cédulas e aprender seus detalhes para que pudesse identificar falsificações facilmente caso aparecessem.
Ela estudou o original para poder identificar as distorções.
O mesmo se aplica ao Evangelho de Jesus Cristo. Como líderes na igreja, queremos ser mulheres que capacitam outras mulheres a conhecer o Evangelho, para que possamos identificar falsos “evangelhos” e compreender como a verdade se aplica às nossas vidas.
Mas por onde começamos?
Construindo a fundação
Começamos com o Evangelho, pois assim construímos uma base sólida para todos os nossos eventos, encontros, estudos bíblicos e pequenos grupos:
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual obtivemos também acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes. . . Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira (Rm 5.1-2, 8-9).
Essa passagem responde a três perguntas que podemos usar como um guia para auxiliar nossas mulheres a construir uma base sólida do Evangelho:
Somos salvas de quê? Da ira de Deus. Não há Evangelho sem a existência da ira de Deus e de Seu justo julgamento contra os pecadores (v. 9). Essa é uma realidade desconfortável, mas é uma realidade que precisamos ensinar às nossas mulheres, porque ignorar ou minimizar o pecado não o faz desaparecer. Deus é o padrão — e nós pecamos contra Ele.
Somos salvas por quem? Jesus Cristo. Os cristãos são salvos da ira de Deus pelo sangue justo de Jesus, o Cordeiro imaculado e sacrificial que absorveu a ira divina em nosso lugar (v. 8). Somente Jesus tem o poder de salvar da ira de Deus pecadores mortos e desesperados, dando-lhes a vida eterna em Seu Nome, realizando o que nunca seríamos capazes de fazer.
Somos salvas como? Pela graça, mediante a fé. A verdadeira fé diz: “Eu não tenho nada para oferecer. Venho de mãos vazias, mas Cristo, com alegria, dá a Si mesmo a mim”. Ensinamos às nossas mulheres que a fé é confiar em Jesus para nos resgatar do pecado, pois sabemos que não podemos nos resgatar sozinhas. E a fé é confiar em Jesus para fazer isso por nós, independentemente de qualquer coisa que tenhamos feito.
Cuidado com as distorções
Quando as mulheres em nossas igrejas se esquecem do Evangelho, elas se tornam mais vulneráveis às ideias volúveis do mundo, sendo arrastadas e levadas de um lado para o outro. Portanto, assim como é importante que nós, como líderes, construamos uma base sólida para o rebanho sob nossos cuidados, também devemos estar atentas às distorções que estão em ação no mundo e nas nossas igrejas.
Aqui estão sete distorções do Evangelho das quais devemos estar cientes enquanto buscamos liderar bem as mulheres sob os nossos cuidados:
1. A cultura da “pessoa boa”
Esse erro afirma: “Todos nós somos pessoas essencialmente boas. Cometemos erros e pisamos na bola — afinal, ninguém é perfeito — mas, lá no fundo temos um bom coração”.
Essa alegação está errada, e é perigosa. Precisamos lembrar às nossas mulheres que ignorar o pecado não o faz desaparecer. Existe Alguém a quem prestaremos conta, e, embora nosso orgulho não engula essa ideia, o pecado é real, e é um poder do qual precisamos ser resgatadas. Não há quem seja bom, nem um sequer (Sl. 14.3).
2. A cultura da “autoestima”
Essa distorção afirma o seguinte: “Você é tão incrível que mereceu um Salvador e tudo o que Ele pode lhe dar para resolver seus problemas”.
A “autoestima” se infiltrou em nossas igrejas, especialmente nos ministérios de mulheres. Se analisássemos todos os estudos para mulheres disponíveis no mercado, encontraríamos muitas abordagens de autoajuda que nos fazem sentir bem, mas perceberíamos uma ausência impressionante da doutrina do pecado, porque o pecado não nos faz sentir bem — então fica disfarçado por trás de termos como “insegurança” e “autoimagem negativa”. Mas, quando subestimamos a ideia do pecado, perdemos o Evangelho.
3. A cultura do “individualismo expressivo”
Essa visão diz que o cristianismo gira em torno de “ser fiel a si mesma”, “seguir o seu coração” e “viver de forma autêntica”.
Mas essa ideia vai contra tudo o que o Evangelho ensina. Somos pecadoras que não podem confiar em nossos corações, pois eles são enganosos. Essa distorção parecerá atraente para suas mulheres (e até mesmo para você!), porque diz que a verdade gira ao redor de vocês! Mas ela só levará à confusão e, em última análise, à morte espiritual.
4. A cultura do “Jesus opcional”
Essa crença diz: “Jesus é um caminho, não o caminho. Uma pessoa pode encontrar seu caminho para Deus por meio de várias experiências espirituais diferentes”.
Dizer que Jesus é opcional não só vai contra o ensino da Bíblia sobre quem Jesus é (Jo 14.6), mas também deturpa o Evangelho. Peça para suas mulheres refletirem sobre isto: Como C.S. Lewis disse, se Jesus é apenas “um caminho” para Deus, suas reivindicações divinas O tornam ou um lunático ou um mentiroso e Seu sacrifício na cruz foi em vão. Teria sido um desperdício de vida. E, se isso for verdade, então “a nossa fé é vã” (1Co 15.14).
5. A cultura do “Jesus da prosperidade”
Essa visão distorcida de Jesus diz que Ele garante aos Seus seguidores uma vida feliz e saudável, livre de problemas.
Mas Jesus sofreu. E aqueles que creem Nele também vão sofrer (Mc 8.34). Devemos ajudar nossas mulheres a se protegerem da crença de que Jesus veio para deixar nossas vidas aconchegantes e facilitar tudo para nós. Se forem enganadas a acreditar nisso, elas não vão seguir Jesus por muito tempo, pois vão ficar decepcionadas, amarguradas ou até endurecidas contra Deus quando as coisas não saírem como esperavam.
6. A cultura da “fé + alguma coisa”
Essa distorção afirma que a “fé + alguma coisa” é suficiente para me salvar: fé + minhas boas obras; fé + uma dose suficiente de autodesprezo; fé + um entendimento correto acerca de Deus.
Muitas de nossas mulheres lutam para acreditar que Deus daria, gratuitamente, um presente como a salvação sem exigir algo em troca. Porque nossa natureza pecaminosa clama por independência e controle, queremos ter algo a ver com a nossa salvação. Mas não podemos acrescentar nada à obra e à pessoa de Jesus Cristo. Está consumado; a morte foi derrotada; o mal foi vencido. Tudo por causa dele.
7. A cultura do “eu já sou salvo, portanto…”
O outro extremo diz: “Jesus é minha justiça e perfeição, então eu posso viver como eu quiser, porque, no final das contas, estou salva!”
Teólogos chamam isso de “graça barata”. Sim, foi para a liberdade que Cristo nos libertou, mas fomos libertas do poder do pecado para viver para Cristo, não para permanecer no pecado e viver como quisermos. A fé não nos dá a liberdade de permanecer no pecado; ela nos liberta do pecado para que nossas vidas apontem cada vez mais fielmente para Jesus.
Como líder de mulheres, como você poderia construir uma base sólida do Evangelho para as mulheres a quem você serve neste ano de ministério? Como você vai equipá-las para identificar distorções do Evangelho? Louvado seja Deus! Esse belo Evangelho se aplica também a esses esforços. Ao confiar suas mulheres a Ele e caminhar pela fé, creia que Ele mesmo há de capacitar você com tudo o que é bom, para fazer a Sua vontade e apontar essas mulheres para Jesus.
Agora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos o nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, aperfeiçoe vocês em todo o bem, para que possam fazer a vontade dele. Que ele opere em nós o que é agradável diante dele, por meio de Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém (Hb 13.20–21).
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