Tenho uma história da época da faculdade pela qual fiquei conhecida. Aconteceu assim: um dia, no shopping, notei um rapaz andando ao meu lado, usando um moletom com a estampa “Michigan”. Como sou de Michigan e estudei na Virgínia, sempre gostei de encontrar pessoas da minha terra natal. Então perguntei: “Você é de Michigan?”
Ele respondeu: “Uh. . . sim.”
“Sério? Eu também!” respondi com entusiasmo suficiente para compensar a falta dele no rapaz. “De que parte de Michigan?”
Ele disse: “Uh. . . Grand Rapids.”
E eu respondi: “Sério? Eu também!”
De repente, me dei conta de que eu não estava na Virgínia, fazendo amizade com outro conterrâneo de Michigan. Era férias de fim de ano, e eu estava em casa, em Grand Rapids.
Rapidamente, me virei e fui andando na outra direção, certamente deixando o moço do moletom de Michigan pensando: “Cada coisa que as garotas fazem para puxar conversa”.
Essa é uma história ótima. Todo mundo amava. Onde quer que eu fosse, as pessoas diziam: “Vocês já ouviram a história do moletom de Michigan da Shannon? Vocês precisam ouvir”. E eu contava de novo. Só havia um problema: a história não era verdadeira. Ela nunca aconteceu.
Ela quase aconteceu. Eu realmente estava no shopping, andando ao lado de um rapaz que usava um moletom de Michigan. E por um instante, esqueci que estava em Michigan. E quase perguntei: “Você é de Michigan?” Mas me peguei a tempo e dei uma risadinha, pensando em como teria sido engraçado se eu realmente tivesse feito essa pergunta.
Naquela noite, quando estava com um grupo de amigos, contei a história como se ela tivesse acontecido de verdade. Ficava mais engraçado assim. E foi assim que a mentira começou.
Não me lembro exatamente quando comecei a me arrepender disso, mas me lembro de me contorcer por dentro quando alguém a contou no nosso casamento. E me lembro de sentir um nó no estômago quando o meu marido e eu prometemos nunca esconder nada um do outro. Houve várias ocasiões em que fiquei acordada à noite, me sentindo muito culpada depois de contar a história para mais um grupo de amigos. Cheguei até a tentar me convencer de que era verdade. Poderia ter sido verdade. Parecia verdade! Mas, é claro, não era.
Certamente não foi a única mentira que eu já havia contado, nem a única história que aumentei (especialmente quando criança!). Mas, por ter mentido tão publicamente e com tanta frequência, eu sentia uma profunda vergonha. Era meu segredo, e eu o odiava.
Limpando a alma
No verão passado, a caminho da igreja, o meu marido e eu estávamos conversando com nossos filhos sobre integridade. Alguém havia distorcido a verdade, e isso teve consequências. Tentando enfatizar a gravidade do ocorrido, eu disse: “Crianças, mentir é um hábito difícil de quebrar. Se vocês contarem uma mentira, a melhor coisa a fazer é confessá-la imediatamente e se livrar dela”. Ao dizer isso, Deus trouxe à minha mente a conhecida pontada de culpa por conta da história do moletom. Mas, desta vez, decidi fazer o que estava recomendando aos meus filhos: contar a verdade.
Ali, em nossa van, confessei o meu segredo. Meus filhos tinham crescido ouvindo aquela história, mas agora eu havia revelado a verdade. Pronunciei a confissão que estava engarrafada no meu coração há tanto tempo e deixei as lágrimas escorrerem.
Em seguida, meu marido estendeu a mão para apertar a minha. Havia compaixão em sua voz quando ele disse: “Está tudo bem, querida. Você não precisava se preocupar em me contar. Eu te perdôo”. Então, ele conduziu nossos filhos em oração, agradecendo a Deus pela minha confissão e pedindo que Ele ajudasse todos nós a falar a verdade — especialmente depois de já termos contado uma mentira.
Três lições sobre o pecado
Em retrospecto, percebo três lições sobre o pecado escondidas na minha experiência com a história do moletom.
1. O pecado aprisiona
Nunca foi minha intenção que a história se espalhasse tanto quanto se espalhou. Pensei que só iria compartilhar uma situação engraçada com alguns amigos e seguir em frente, sem consequências. Mas aquela pequena história cresceu e se tornou algo feio que me acompanhou por vinte e cinco anos. Era um pecado do qual eu não queria mais participar, mas me sentia presa. E o que me mantinha refém? A vergonha.
2. A vergonha deixa tudo maior
Depois de confessar o meu pecado da mentira, percebi como foi besteira nunca ter feito isso antes. Eu tinha vergonha do que as pessoas pensariam ou diriam se eu contasse a verdade. Sim, mentir — como todo pecado — é sério e errado. E sim, exagerar pode rapidamente se transformar em falsificação, fraude ou perjúrio, então é melhor levar nosso pecado muito a sério. Mas a vergonha não nos ajuda a nos livrar do pecado. Pelo contrário, a vergonha infla o pecado — tornando-o cada vez maior em nossas mentes. A única coisa que pode estourar essa bolha de vergonha e nos libertar é a agulha da confissão.
3. A confissão liberta
Fiquei surpresa com quão libertador foi confessar o meu pecado para minha família naquele dia no carro. Por que será que me agarrei a essa fachada por tanto tempo? Não faz sentido algum, na verdade. Ao me declarar cristã, já me expus por completo. Já deixei claro ao mundo que o meu coração era tão perverso que precisou do sacrifício de Jesus para remover a minha culpa. Como Russell Moore diz em seu livro Tempted and Tried ("Tentado e Provado", ainda não traduzido para o português):
Estou crucificado com Cristo. Meu cadáver está pendurado ao sol, marcando-me publicamente como pecador, merecedor da morte. Então, por que eu tentaria esconder o fato de que sou pecador? (p. 174)
A vergonha me intimida a esconder o meu pecado, mas Jesus me convida a abrir bem a porta da confissão e deixar a luz do Evangelho entrar, varrendo meu coração e limpando-o do pecado. Quando confesso meu pecado, estou apenas reafirmando algo que já declarei ser verdade: sou pecadora, salva pela graça.
Amiga, não se deixe aprisionar por um hábito antigo ou por pecados do passado. Não permita que a vergonha mantenha você refém. Gálatas 5.1 nos lembra: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou”. Que tal deixar que a luz do Evangelho limpe o seu coração hoje?
Que pecado você tem mantido escondido? Como você pode estourar a bolha da sua vergonha confessando esse pecado? Para preparar o seu coração para a confissão, desenhe uma cruz e escreva nela, em letras grandes, seus pecados secretos. Lembre-se de que Jesus já varreu toda a culpa da sua vida.
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